Sábado, 30 de novembro de 2013 - 08h13
O Papa Francisco encontrou-se na manhã de ontem, sexta-feira, no Vaticano, com os participantes da 82ª Assembleia Geral da União dos Superiores Gerais (USG), realizada nesses dias, em Roma. Tratou-se de um encontro de três horas em que o Pontífice não proferiu um discurso preparado, mas respondeu às perguntas que lhe foram feitas. No final do encontro, onde estavam presentes 120 superiores gerais, o Papa Francisco anunciou que 2015 será o ano dedicado à vida consagrada.
O Santo Padre observou que os religiosos são chamados a seguir o Senhor de forma especial. "Eles são homens e mulheres que podem despertar o mundo. A vida consagrada é profecia", disse o Pontífice. "Deus nos pede para sair do ninho e ir para as periferias do mundo, evitando a tentação de domá-las. Esta é a maneira mais concreta de imitar o Senhor", frisou o Papa Francisco.
Questionado sobre a situação das vocações, o Papa destacou que existem Igrejas jovens que estão dando novos frutos. "Isso obriga naturalmente a repensar a inculturação do carisma. A Igreja deve pedir perdão e olhar com vergonha para os insucessos apostólicos devido a desentendimentos neste campo, como no caso de Matteo Ricci. O diálogo intercultural deve levar-nos a introduzir no governo dos Institutos religiosos pessoas de várias culturas que expressam diferentes maneiras de viver o carisma", sublinhou ainda o Papa.
O Santo Padre insistiu muito na formação que, a seu ver, se baseia em quatro pilares: formação espiritual, intelectual, comunitária e apostólica. "É importante evitar todas as formas de hipocrisia e clericalismo através de um diálogo franco e aberto sobre todos os aspectos da vida", destacou.
"A formação é uma obra artesanal e não policial. O objectivo é formar religiosos que tenham um coração tenro e não azedo como o vinagre. Somos todos pecadores, mas não corruptos. Aceitamos os pecadores, mas não os corruptos", sublinhou o Pontífice.
Respondendo a uma pergunta sobre a fraternidade, o Papa disse que ela tem uma enorme força de atracção. "Pressupõe a aceitação das diferenças e conflitos. Às vezes é difícil vivê-la, mas se não a vivemos, não somos fecundos", disse.
O Santo Padre frisou que as realidades de exclusão são prioridades e se deteve sobre os desafios culturais e educacionais nas escolas e universidades. O Papa identificou três pilares da educação: transmitir conhecimento, transmitir formas de fazer as coisas e transmitir valores. "Através deles se transmite a fé. O educador deve estar à altura das pessoas que educa e se perguntar como anunciar Jesus Cristo a uma geração que muda." E, concluindo, o Papa disse aos religiosos: "Obrigado pelo testemunho e humilhações pelas quais devem passar".
Fonte: Rádio Vaticano
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