Sexta-feira, 4 de setembro de 2015 - 14h36
Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre lançou um tuíte nesta sexta-feira (4) na sua conta no @Pontifex. A mensagem diz o seguinte: “A guerra é a mãe de todas as pobrezas, uma grande predadora de vidas e almas”.
Papa Francisco volta a gritar ao mundo a origem principal dos dramas dos quais é expectador, a partir da emergência migratória que está marcando a Europa há meses. Foi necessária a imagem terrível da criança síria morta na praia, vítima fatal da fuga da guerra, para suscitar a reação política da Europa: a foto servirá para interromper a guerra que continua há 4 anos e que força a população a fugir?
Em entrevista à Rádio Vaticano, o núncio apostólico de Damasco, Dom Mario Zenari, lança um apelo a todos os sírios pela sua pátria, que “é a mãe comum”, superando as divergências com a ajuda da comunidade internacional para salvar a ‘mãe’ Síria. E analisa a imagem que tocou profundamente o mundo inteiro:
Dom Mario Zenari – “Esta imagem acordou todo mundo, eu diria, e sobretudo a Europa. Uma imagem trágica que faz refletir porque, essa criança, infelizmente, não será a última. Inclusive hoje, certamente, algumas crianças estão morrendo ou estão feridas. Segundo as estatísticas, são 10 mil as crianças e os adolescentes que até agora foram mortos nesse conflito que fez, ao total, 250 mil vítimas. Dessa forma, eu diria, também pelas imagens trágicas dos imigrantes que chegam à Europa, são milhares os jovens que se agregam aos 4 milhões de refugiados nos países vizinhos, de 8 milhões de exilados internos. São realmente imagens e cifras quenos fazem refletir. Mas tem uma outra consideração a ser feita. As câmeras de vídeo na Europa apresentam uma parte do drama desses milhares de jovens que procuram chegar à sua meta, ao país que sonharam na Europa. É somente uma parte do drama. É necessário também ver o que provoca a partida desses jovens: provoca um vazio, um vazio que faz mal. Uma nação sem jovens é uma nação sem futuro. Entende-se bem as suas motivações: esse jovens não veem futuro no país deles, são obrigados a partir, mas olhemos também o vazio que deixam aqui na Síria.”
Rádio Vaticano – Aqueles que vêm bater na porta da Europa o fazem, segundo o senhor diz, porque não veem o futuro mas também porque alguém levou a guerra na terra deles e, essa guerra, é aquela que o Papa faz referência no tuíte de hoje: queremos insistir que é aquela a origem de tudo?
Dom Mario – “Essa é a chave. O Papa repete sempre: parar com a guerra. É o que também disse aquele menino de 12 anos que as televisões transmitiram e, justamente, disse: ‘Nós ficamos de boa vontade na Síria desde que nos ajudem a terminar com a guerra’. Uma outra consideração: muitos sírios sofrem, muitos sírios morrem, eu diria, mas inclusive a Síria no seu complexo está sofrendo e está morrendo. Morre de fome em alguns lugares, de sede em outros, morre do coração vendo os seus filhos morrer, que se afogam no mar, outros asfixiados num caminhão, outros presos em arame farpado, outros que vagam nos trilhos... Está morrendo vendo as suas joias arqueológicas explodirem no ar. Gostaria, então, neste momento crítico pelo qual a comunidade internacional ou a diplomacia está procurando duplicar, multiplicar os esforços para chegar a uma solução, lançar um apelo a todos os sírios, sobretudo às partes em causa. A Síria é a pátria, é a mãe comum. Então, na cama dessa ‘mãe que morre’, superem as vossas divergências com a assistência da comunidade internacional, deem uma mão agora para salvar a ‘mãe’. Sentar-se à mesa das negociações para salvar a Síria, porque não tem outra solução!” (AC)
Fonte: rádio Vaticano
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