Domingo, 27 de setembro de 2015 - 08h59
Filadélfia (RV) - Um povo que recorda não repete os erros do passado; pelo contrário, olha confiante para os desafios do presente e do futuro: foi o que disse o Papa Francisco no encontro em prol da liberdade religiosa, realizado no Independece National Historical Park de Filadélfia, lugar do nascimento dos EUA.
Partindo do simbolismo que o lugar representa, o Pontífice evocou a Declaração de Independência deste país para, em seguida, desenvolver a sua reflexão acerca das liberdades e, depois, discorrer sobre a liberdade religiosa.
Após evidenciar que a verdade deve ser constantemente reafirmada, assumida e defendida, Francisco afirmou que todos nos beneficiamos quando se faz memória do nosso passado. “A memória salva a alma dum povo de tudo aquilo ou de todos aqueles que poderiam tentar dominá-lo ou utilizá-lo para os seus interesses”, reiterou.
Referindo-se novamente ao lugar símbolo do espírito estadunidense, o Santo Padre disse que a liberdade religiosa “é um direito fundamental que plasma o modo como interagimos social e pessoalmente com nossos vizinhos, cujos pontos de vista religiosos são diferentes dos nossos”.
“A liberdade religiosa implica certamente o direito de adorar a Deus, individual e comunitariamente, como a nossa consciência dita. Mas, por outro lado, a liberdade religiosa transcende, por sua natureza, os lugares de culto, bem como a esfera dos indivíduos e das famílias.”
As nossas diferentes tradições religiosas “lembram-nos a dimensão transcendente da existência humana e a nossa liberdade irredutível contra qualquer pretensão de poder absoluto”.
“Basta lançar um olhar à história, especialmente à do século passado, para ver as atrocidades perpetradas pelos sistemas que pretenderam construir este ou aquele ‘paraíso terrestre’ dominando os povos, subjugando-os com princípios aparentemente indiscutíveis e negando-lhes qualquer tipo de direito.”
Num mundo onde as diferentes formas de moderna tirania procuram suprimir a liberdade religiosa, ou reduzi-la a uma subcultura sem direito de expressão na esfera pública, ou ainda – continuou – usar a religião como pretexto para o ódio e a brutalidade, “torna-se forçoso que os seguidores das diferentes religiões unam a sua voz para invocar a paz, a tolerância, o respeito pela dignidade e os direitos dos outros”, foi o premente convite do Papa.
Referindo-se aos fundadores de Filadélfia, os Quakers – que viviam inspirados por um profundo sentido evangélico da dignidade de cada pessoa –, Francisco aproveitou a ocasião para agradecer a todos aqueles que procuram, qualquer que seja a sua religião, servir o Deus da paz “cuidando do próximo necessitado, defendendo a dignidade do dom divino da vida em todas as suas fazes, defendendo a causa do pobre e dos imigrantes”.
A última parte de seu discurso foi dedicada à grande população hispânica dos EUA, reconhecendo em muitos deles, representantes de imigrantes recentes neste país.
Em seguida, o Papa dirigiu-lhes uma palavra de encorajamento e fez um pedido:
“Não desanimeis com os desafios e as dificuldades que tendes de enfrentar, sejam eles quais forem. Peço para não vos esquecerdes que, tal como aqueles que vieram antes de vós, trazeis muitos talentos à vossa nova nação. Não vos envergonheis das vossas tradições. Não esqueçais as lições que aprendestes dos vossos antepassados e que podem enriquecer a vida deste país americano.”
Francisco concluiu dizendo que também eles são chamados a ser cidadãos responsáveis e a contribuir frutuosamente para a vida das comunidades onde vivem, e que trazendo suas contribuições, não só encontrariam o seu lugar ali, mas ajudariam “a sociedade a renovar-se a partir de dentro”. (RL)
Fonte: rádio Vaticano
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