Sábado, 6 de maio de 2017 - 20h03
Cidade do Vaticano (RV) - Vencer a cultura da destruição que chama de “mãe” uma bomba e mostra na TV somente o mal para alcançar audiência. Foi o que afirmou o Papa Francisco num animado diálogo com estudantes participantes do Encontro promovido pela Coordenação Nacional Entidades Locais para a paz e os direitos humanos, recebidos na manhã deste sábado (06/05) na Sala Paulo VI, no Vaticano.
O Santo Padre denunciou novamente a chaga do “trabalho irregular” e exortou todos a fazer mais em defesa do ambiente.
É tempo de enfrentar e vencer sem medo “a cultura da destruição” com a força da mansidão. Francisco lançou este desafio aos jovens estudantes italianos engajados na Coordenação das Entidades locais para a paz.
O Santo Padre agradeceu aos estudantes pela concretude de suas perguntas, nas quais emergiu a angústia por tantas tragédias que afligem o mundo, das guerras à pobreza, bem como a violação dos direitos humanos.
O Papa ressaltou que hoje não há respeito nem mesmo pelas crianças e denunciou que na TV se vêm somente notícias ruins, destruições, porque parece que quanto mais um programa televisivo mostra essas calamidades, mais obtém sucesso.
Vergonhoso chamar uma bomba de “mãe”, é preciso destruição das armas
Francisco recordou a emergência dos migrantes, “a maior tragédia na Europa após a da II guerra Mundial”. Em seguida, dirigiu um pensamento à violência e às guerras que desfiguram a humanidade:
“Estamos vendo a maior tragédia após a II Guerra Mundial. É verdade! Há pessoas boas, há coisas boas no mundo que não são vistas; mas o mundo está em guerra. Digam a palavra vocês, que são a escola da paz: digam ‘O mundo está em guerra’. Que se este bombardeia aí, ‘mas não, é um hospital, uma escola, há doentes, crianças!’ – ‘Ah, não importa!’, e lá vai a bomba. Fiquei envergonhado com o nome de uma bomba: ‘A mãe de todas as bombas’. Olhem, a mãe dá vida! E esta dá morte! E dizemos ‘mãe’ a este aparelho? O que está acontecendo?”
O Pontífice reconheceu a fraqueza de muitos líderes internacionais. E advertiu que de um lado se pede a paz, mas depois se produzem e se traficam armas. “Existem os negociantes – disse – que vendem armas” a quem está em guerra e assim eles ganham com a morte dos outros.
“Trabalho irregular” e exploração são um pecado mortal
Francisco denunciou o tráfico da droga que destrói tantos jovens. Denunciou mais uma vez que no centro da economia encontram-se o dinheiro e o poder ao invés do homem, referindo-se, em particular, à chaga do trabalho irregular, à exploração das pessoas, inclusive de crianças:
“‘Mas Padre, isso é lá, naquele continente distante ou naquele país distante!’ Aqui, na Europa! Aqui! Aqui, na Itália! Aqui! Exploram-se as pessoas quando são pagas de forma irregular, quando lhe fazem o contrato de trabalho de setembro a maio, depois dois meses sem e assim não há continuidade, e depois recomeça em setembro: isso se chama destruição, isso se chama – nós católicos o chamamos pecado mortal, a exploração.”
Ser mansuetos para contrastar a violência também das palavras
O Pontífice deteve-se em seguida sobre o tema, muitas vezes por ele abordado, da tentação das fofocas, um verdadeiro “terrorismo” porque “destrói a pessoa” e encorajou os jovens a “morderem a língua” antes de falar dos outros.
Ao mesmo tempo, advertiu a distanciar-se da violência dos insultos que, observou, se vê por vezes inclusive nos debates políticos. Diante de tudo isso, disse, é preciso uma atitude de mansidão:
“Ser mansuetos, ter uma atitude de mansidão, não significa ser estúpidos; significa dizer as coisas em paz, com tranquilidade, sem ferir, buscar o modo de dizer sem ferir. Mas a mansidão é uma das virtudes que devemos reaprender, reencontrar em nossa vida. E para isso ajuda muito, em nossas conversações, não adjetivar as pessoas. Deixemos isso de lado. Sempre com mansidão. Sempre com aquela atitude mansueta que é contra a violência.”
“Nós - disse com pesar – estamos destruindo o presente mais precioso que Deus no deu: a Criação.” Francisco denunciou os danos provocados pelo consumismo que leva a experimentos em plantas e animais, ao surgimento de doenças raras, a tristes fenômenos como a “Terra dos fogos” ou a poluição do Mar Mediterrâneo.
Por fim, chamou a atenção para o risco de muitas palavras e pouco compromisso após a Conferência de Paris sobre a mudança climática. (RL/AG)
Fonte: rádio Vaticano
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