Domingo, 4 de outubro de 2009 - 17h52
Marco Antonio Soalheiro
Agência Brasil
Brasília - A morte da cantora argentina Mercedes Sosa, aos 74 anos, em decorrência de uma disfunção renal que afetou também o coração e os pulmões, foi recebida com pesar por políticos brasileiros que admiravam o engajamento da artista, militante ativa contra a ditadura militar argentina nos anos 70 e 80.
Em mais de cinco décadas de trajetória profissional, Mercedes, conhecida como “La Negra”, consolidou-se como uma das mais importante vozes de protesto da América Latina. Na década de 70, censurada e perseguida, seus discos carregados de conteúdo social se transformaram em referência contra o regime militar.
“Fiquei muito triste com a notícia da morte dela. Foi uma lutadora pelos direitos humanos, pela democracia e símbolo de uma geração de presos políticos muito sofrida”, afirmou o deputado federal José Genoíno (PT-SP), ex-preso político durante a ditadura militar brasileira.
Segundo Genoíno, Mercedes também simbolizava, com o seu discurso e sua defesa de bandeiras de sobrevivência, “o ideal de integração do continente que hoje está virando realidade”. O parlamentar ressaltou que a cantora “deixa um legado forte para o continente no que diz respeito à integração e à luta pela democracia.”
O senador Eduardo Suplicy (PT- SP) lembrou que nas visitas da cantora ao Brasil, as músicas dela despertavam enorme interesse. Mercedes também interagiu com grandes artistas nacionais como Milton Nascimento e Caetano Veloso. Uma das canções da argentina, “Gracias a la Vida”, marcou o parlamentar.
“Ela [Mercedes] teve uma importância muito grande como cantora e compositora que mais expressou os sentimentos de liberdade, justiça e confraternização dos povos latino-americanos” disse Suplicy. “Ela recebe uma justa homenagem de todo o povo argentino”, acrescentou.
O corpo da cantora está sendo velado desde o meio-dia em um salão do Congresso Nacional argentino. A morte de Mercedes mobilizou o país e shows dela estão sendo transmitidos por praticamente todos os canais de televisão. Suas gravações de músicas folclóricas e populares fizeram sucesso pelo mundo.
A família de “La Negra” informou que o corpo da cantora será cremado e suas cinzas serão espalhadas em sua cidade natal, Tucumán, em Mendoza e na capital argentina, Buenos Aires.
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