Segunda-feira, 4 de janeiro de 2010 - 09h36
Um estudo do King's College, de Londres, concluiu que o chamado ponto G – uma suposta zona erógena que, quando estimulada, provocaria elevados níveis de excitação sexual e orgasmos – pode não existir.
BBC Brasil
Depois de analisar 1.804 mulheres, o estudo não encontrou provas da existência do ponto G, supostamente um aglomerado de terminações nervosas localizado próximo ao clitóris, descrito pela primeira vez pelo cientista alemão Ernst Gräfenberg em 1950.
Os cientistas acreditam que o ponto G pode ser fruto da imaginação de mulheres, estimulada por revistas e terapias sexuais.
A pesquisa foi feita com base nas repostas dadas por mulheres, de idades de 23 a 83 anos, a um questionário. Todas elas eram gêmeas idênticas ou não idênticas – as gêmeas idênticas têm, exatamente, a mesma configuração genética, enquanto as não idênticas têm 50% dos genes em comum.
Das 56% mulheres entrevistadas que declararam ter o ponto G, a maioria era mais jovem e sexualmente mais ativa do que a média. As gêmeas idênticas demonstraram maior tendência a ter uma resposta afirmativa do que as não-idênticas.
Mas os pesquisadores esperavam que, no caso de uma das mulheres relatar ter o ponto G, a probabilidade de sua irmã ter a mesma resposta seria mais alta, mas a tendência não foi observada, sugerindo que o Ponto G pode ser apenas um mito.
“Esse é de longe o maior estudo já realizado sobre o assunto e mostra, de forma conclusiva, que a ideia do ponto G é subjetiva", afirma Tim Spector, professor de epidemiologia genética e co-autor do estudo.
Andrea Burri, que liderou a pesquisa, disse que o resultado pode ajudar mulheres e homens que sofrem por se sentir inadequados por não encontrar a procurada zona erógena.
“Chega a ser irresponsável afirmar a existência de uma entidade que nunca foi comprovada e pressionar mulheres – e homens também”, disse ela.
Mas o estudo foi considerado "falho" por outra autoridade no assunto, a sexóloga Beverley Whipple, que ajudou a popularizar o conceito do ponto G nos anos 70 graças a varios livros e a uma pesquisa tida como pioneira.
Para Whipple, o “o maior problema com essas conclusões é que gêmeas, normalmente, não têm o mesmo parceiro sexual” estudo britânico não levou em consideração a opinião lésbicas e bissexuais ao analisar os efeitos de diferentes técnicas sexuais.
Os resultados do estudo devem ser publicados nesta semana na revista especializada The Journal of Sexual Medicine.
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