Quarta-feira, 4 de novembro de 2015 - 10h23
A presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR) considerou hoje (3) “inadmissível” que organizações nacionais estejam há dois meses prontas para receber refugiados, que vivem situações dramáticas nos campos onde aguardam transferência.
A decisão de Portugal de acolher cerca de 4,5 mil pessoas, no âmbito do Programa de Relocalização de Refugiados na União Europeia (UE), avançou em setembro e as organizações envolvidas no processo criaram um plano de acolhimento, mas continuam sem saber a data da chegada do primeiro grupo.
“A situação é inadmissível e choca, diante da necessidade de saída urgente de pessoas. É chocante que o ritmo seja tão lento”, criticou Teresa Tito de Morais, em declarações hoje à Agência Lusa, acrescentando que “a espera é pesada, porque já estamos preparados para acolher as pessoas, mas elas não vêm”.
A responsável do CPR adiantou que as organizações sentem uma “certa revolta” em relação à lentidão do processo e questionou por que apenas a Suécia e a Finlândia receberam refugiados no âmbito do programa de relocalização da UE.
“A Europa tem de ser responsabilizada por não atuar com a rapidez e a urgência que a situação impõe”, criticou Teresa Tito de Morais, lembrando que além de Portugal, a Espanha e a França também aguardam a chegada de pessoas, que vivem em situações desumanas amontoadas em campos de refugiados.
Fonte: Agência Brasil
Hoje, o primeiro grupo de 30 migrantes partiu de Atenas para Luxemburgo, a um para redistribuir as pessoas pelos 28 Estados-membros, de modo a aliviar a pressão em países como a Grécia e a Itália.
O diretor executivo da Frontex, a agência de controle de fronteiras europeias, também divulgou hoje novos números: em 2015 foram registradas 800 mil entradas ilegais de migrantes. Segundo os últimos dados da agência para os refugiados da ONU, mais de 744 mil cruzaram o Mediterrâneo este ano, a maioria em direção à Grécia.
Nas declarações à Lusa, Teresa Tito de Morais questionou por que Portugal continua aguardando a chegada de refugiados que estão na Itália e cujo processo está “muito lento”, e não acolhe pessoas que estão na Grécia.
Sobre um possível aumento das quotas por países, Teresa Tito de Morais defendeu que a UE tem de fazer mais por estas pessoas e que 4,5 mil refugiados para Portugal é um número muito pequeno, mas que, “neste momento, o mais importante é passar das decisões às práticas”, ou seja, começar a receber os que já estão previstos para chegar.
Entretanto, deverão chegar a Portugal outras 45 pessoas, que serão alojadas em Lisboa, Sintra e Penela, pelo Programa de Reinstalação de Refugiados que, desde 2007, prevê que Portugal acolha anualmente um mínimo de 30 refugiados.
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