Quarta-feira, 20 de janeiro de 2010 - 06h19
Renata Giraldi
Agência Brasil
Ao tomar posse do seu segundo mandato, o presidente reeleito da Bolívia, Evo Morales, sinaliza que pode ser mais flexível nas negociações com os países vizinhos. Mas, segundo analistas políticos, a tendência é de ele manter o estilo incisivo e surpreendente.
Para o Brasil, ele enviou recados de que espera que a Petrobras amplie os investimentos em seu país. A mensagem de Morales foi enviada pouco depois de ser negociado um acordo de mais investimentos e aumento no pagamento do gás comprado do país.
No fim do ano passado, foi firmado um acordo entre o Brasil e a Bolívia que garante ganho adicional de cerca de US$ 1,2 bilhão até 2019 para os bolivianos. Pelo acordo, o Brasil se compromete a pagar mais pelas frações líquidas do gás boliviano – propano, butano e gasolina líquida. Morales quer ter a garantia ainda de que as cinco refinarias estrangeiras em atuação na Bolívia aumentem as pesquisas de exploração em campos de gás e petróleo.
Há cerca de quatro anos, o presidente ameaçou privatizar refinarias da Petrobras localizadas em território boliviano. No campo político, Morales manteve o tratamento de “amigo” ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem já presenteou com uma túnica indígena.
É com os vizinhos Chile e Peru que Morales tem o relacionamento mais delicado. Historicamente, os bolivianos atribuem aos dois países a responsabilidade pela ausência de mar. As negociações em busca de uma alternativa são intensas. Tanto Morales quanto o presidente eleito do Chile, Miguel Sebastián Piñera, indicam que há possibilidade de um acordo. Diplomático, o boliviano evitou criticar Piñera que é associado a uma ideologia de direita, ou seja, um opositor político.
Com o Peru, as relações são estremecidas pela histórica questão da delimitação marítima e também porque o Peru concedeu asilo político a três ex-ministros da Bolívia.
Morales não esconde seu apreço e admiração pelo ex-presidente de Cuba Fidel Castro e por Chávez. O estilo do boliviano é comparado ao do
venezuelano. Ambos têm o apoio das camadas populares, das entidades civis de trabalhadores e sociais, além de se declararem do Movimento
Bolivariano – que defende por meio de princípios socialistas a unidade da América Latina. Também tem simpatia por esses ideais o presidente do Equador, Rafael Correa.
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