Sábado, 20 de fevereiro de 2016 - 14h07
Da Agência Lusa
A comissão eleitoral de Uganda anunciou hoje (20) a reeleição do presidente Yoweri Museveni, no poder há 30 anos, mas a oposição contestou os resultados da votação, que qualificou como “fraudulenta”.
“A comissão declara que o candidato Yoweri Kaguta Museveni, que obteve mais de 50% dos votos válidos, foi eleito presidente da República do Uganda”, disse o presidente do órgão, Badru Kiggundu.
Museveni, que vai cumprir seu quinto mandato presidencial de cinco anos, conquistou nas eleições realizadas na quinta-feira (18) cerca de 60,75% dos votos, contra os 35,37% obtidos por seu principal adversário político e líder da oposição desde 2001, Kizza Besigye.
Minutos depois do anúncio da reeleição de Museveni, Kizza Besigye rejeitou os resultados das eleições. “Os resultados da eleição presidencial devem ser rejeitados”, declarou o candidato, em comunicado.
“Peço-lhes, em nome dos corajosos cidadãos do Uganda, para rejeitarem os resultados destas eleições de fachada”, acrescentou Besigye na nota dirigida à comunidade internacional.
“Testemunhamos o que deve ter sido o processo eleitoral mais fraudulento no Uganda”, prosseguiu o candidato opositor. Ele criticou a atuação dos organismos estatais, principalmente da comissão eleitoral, acusada por ele de parcialidade e de “incompetência técnica”.
Segundo o candidato da oposição, o dia da votação foi marcado por atrasos e vários incidentes, como o bloqueio das redes sociais, restrições à liberdade de expressão e várias detenções entre seus apoiadores.
Antigo médico pessoal de Museveni, durante a guerra civil, que durou de 1980 a 1986, Kizza Besigye também denunciou a sua detenção pela polícia.
A missão de observadores da União Europeia (UE) que acompanhou as eleições em Uganda também denunciou hoje, em conclusões preliminares, “a falta de transparência e de independência” da comissão eleitoral, mas também a “atmosfera de intimidação” que marcou as eleições presidenciais e legislativas de 18 de fevereiro.
Desde a independência, em 1962, que o país da África Oriental, com cerca de 37 milhões de habitantes, não observa uma alternância política pacífica. Cerca de metade dos eleitores nunca conheceram outro presidente.
No poder desde 1986 – após tomar Kampala com seu Exército de Resistência Nacional (NRA) e derrubar o autocrata Milton Obote –, Museveni tem a seu favor a força financeira e o poder eleitoral de seu partido, o Movimento de Resistência Nacional (NRM).
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