Quinta-feira, 19 de julho de 2012 - 07h03
Renata Giraldi e Daniel Mello
Agência Brasil
Brasília e São Paulo – Aumentou a pressão internacional sobre o governo do presidente da Síria, Bashar Al Assad, depois do atentado ocorrido ontem (18) em Damasco, capital do país, matando 26 pessoas, entre elas dois ministros. Mais de 200 pessoas, a maioria civis, também foram mortas ontem no país, devido a confrontos entre oposição e o Exército. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pode aprovar hoje (19) uma resolução determinando um plano de transição de poder no país.
O conselho adiou de ontem para hoje a reunião. Em discussão, também estão as propostas do Reino Unido, que conta com o apoio dos Estados Unidos e da Alemanha para ampliar as sanções à Síria, e da Rússia, que sugere a manutenção dos observadores externos no país.
Porém, o conselho não dispõe de consenso interno e sem acordo nenhuma dessas propostas pode ser aprovada. O órgão é formado por cinco membros permanentes, a China, a França, a Rússia, o Reino Unido e os Estados Unidos. Além disso, há dez rotativos: Azerbaijão, África do Sul, Colômbia, Marrocos, Togo, Alemanha, Paquistão, Guatemala, Índia e Portugal. Apenas os integrantes permamentes têm poder de veto.
O presidente da Comissão Independente sobre a Síria da Organização das Nações Unidas, Paulo Sérgio Pinheiro, reiterou ontem que a diplomacia é a única saída para resolver os conflitos no país. Pinheiro condenou a possibilidade de intervenção externa, como ocorreu na Líbia por meio da Organização do Tratado do Altântico Norte (Otan), e que é defendida por alguns líderes estrangeiros.
“Uma invasão estrangeira seria um desastre. A Síria não é como a Líbia, onde a oposição dominava uma certa parte do território. Tudo lá é intrincado”, disse Pinheiro. “A única solução imediata continua a ser o imediato cessar-fogo. Isso é o que vai propiciar o fim da violência.”
Para Pinheiro, o atentado com o homem-bomba ontem que matou os ministros sírios da Defesa, Dawood Rajha, e do Interior, Asif Shawkat, abre uma “brecha enorme”para a negociação de uma trégua. “Porque se torna mais premente manter a missão da ONU e porque a população não aguenta mais [o clima de violência]”, disse ele.
A crise na Síria começou em março de 2011, quando integrantes da oposição lideraram movimentos em defesa da renúncia de Assad, de abertura política e mais liberdade no país. Há 16 meses, o país está sob uma forte onda de violência que deixou mais de 16 mil mortos, inclusive crianças e mulheres.
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