Terça-feira, 29 de abril de 2008 - 21h37
Agência Pará
Londres Governadores de estados da região amazônica, senadores, deputados federais, empresários, instituições de pesquisa, representantes de instituições financeiras e lideranças sociais se reúnem nesta terça e quarta-feira (29 e 30), em Londres, com o Príncipe Charles para um amplo debate sobre a sustentabilidade da Amazônia.
O encontro, que será realizado na residência do Príncipe (Clarence House, Palácio Saint James), discutirá temas como Agricultura e Meio Ambiente; Infra-Estrutura; Finanças e Saúde e Educação. Cada painel será apresentado por um governador ou seu representante. Estão confirmadas as presenças da governadora Ana Júlia Carepa (PT/PA); Waldez Góes (PDT/AP) e José de Anchieta Júnior (PSDB/RR). O Acre e o Amazonas estão representados pelos senadores Tião Viana (PT) e Arthur Virgílio (PSDB), respectivamente.
De acordo com o organizador do evento, Jorge Pinheiro Machado, o Príncipe Charles, que no final do ano passado criou uma instituição voltada para a proteção das florestas tropicais do mundo (Rain Forest Forest), se propõe a ser um interlocutor entre as personalidades brasileiras envolvidas nas questões amazônicas e lideranças britânicas interessadas na proteção da maior floresta tropical do planeta.
Segundo Machado, o Príncipe Charles quer promover a aproximação entre as vozes das regiões detentoras de florestas nativas e o mundo, que precisa desses remanescentes, no sentido de remunerar os serviços ambientais que as florestas prestam à humanidade. Por isso um dos itens do debate propõe a melhoria da qualidade de vida dos povos da floresta, para que eles se transformem em seus guardiões.
Levantamentos feitos por Machado apontam que a comunidade britânica estaria disposta a desembolsar cerca de 10 bilhões de libras esterlinas (mais de R$ 50 bilhões) para remunerar os serviços ambientais prestados pelas florestas. Os brasileiros pretendem captar algo em torno de 5 bilhões de libras para a Amazônia (R$ 25 bilhões). Os dirigentes da Amazônia no entanto, exigem que o aporte financie a inclusão social da população local. A Amazônia concentra perto de 25 milhões de habitantes e possui 60% do território brasileiro. Os governantes são categóricos: não há como defender apenas a conservação da floresta sem incluir sua população.
O grupo pretende discutir formas de captar esses recursos, seja por meio do pagamento de bolsas-florestas, pelo aporte direto aos fundos estaduais de meio ambiente ou em projetos específicos. Outros mecanismos de financiamento também serão discutidos pelo grupo durante o evento.
Diversidade - A governadora do Pará Ana Júlia Carepa considera que o desafio da Amazônia envolve não só a conservação como também a valorização da floresta. A Amazônia constitui-se em um imenso território protegido em unidades de conservação. São mais de 100 milhões de hectares entre Terras Indígenas, Territórios de Comunidades Tradicionais e outras categorias destinadas à conservação e à promoção do uso sustentável dos recursos naturais.
A efetiva proteção desses territórios só será possível se formos capazes de promover a valorização dos produtos oriundos dessas áreas e dos serviços ambientais providos por esses ambientes protegidos, enfatiza a governadora, que lidera um movimento nacional pelo pagamento dos serviços ambientais prestados pela floresta.
O Pará, o segundo maior Estado da Amazônia, com 1,2 milhão de km2 e 7,1 milhões de habitantes, é pressionado pela expansão econômica que visa, sobretudo os recursos naturais, em atividades que envolvem intensa ocupação, conflitos e uma indústria de grilagem de terras que fomenta toda forma de ilegalidade ambiental e fundiária.
Fórum de Governadores - O governador do Amapá Waldez Góes lidera outro movimento importante: a integração dos governadores e das bancadas amazônidas na defesa de seus interesses. Góes está propondo a criação do Fórum de Governadores da Amazônia, com a integração de toda a Amazônia Legal, que reúne nove governadores e 27 senadores, além e uma expressiva bancada de deputados federais.
Para Góes, a união de governadores que o evento em Londres promove já é um ganho, pois embora cada um pretenda demonstrar seus desafios locais, todos atuam no sentido de sensibilizar a comunidade internacional na busca de parcerias que resultem em benefício regional. O governador defende os aportes financeiros sejam feitos diretamente aos governos locais, estes por sua vez fariam a interlocução com os demais segmentos da sociedade.
Com uma área de 14,4 mil km2, o Amapá possui uma cobertura vegetal perto de 98%, sendo que 72% de suas áreas estão protegidas na forma de Unidades de Conservação e Terra Indígena. Para Góes,o desafio da Amazônia exige uma equação diferenciada, que não consta por exemplo, do Protocolo de Kyoto, que prevê o financiamento apenas para o reflorestamento e não a manutenção da floresta.
Repartição de bens - O governador de Roraima José de Anchieta Júnior defende que o povo amazônida deve usufruir dos bens e dos recursos naturais das florestas, e que é possível essa repartição de forma sustentada.
Roraima possui cinco biomas em seu território de 17 mil km2, dentre eles a savana (40% da área total), área propícia à produção de alimentos sem a necessidade de avançar sobre a floresta. Estamos convencidos de que é possível desenvolver projetos estruturantes de forma responsável e sustentável, que leve em conta não só a preservação ambiental, como também a qualidade de vida de nossa população.
O Estado de Roraima é servido pela energia gerada na Venezuela e uma pequena parte por usinas termelétricas locais e hidrelétricas de pequeno porte, embora tenha um potencial energético capaz de manter a auto-suficiência, na ordem de 200 MW, e vender o excedente. Por razões estratégicas, Anchieta vai defender em Londres a implantação da usina hidrelétrica no rio Cotinga, com capacidade instalada de 600 MW e com baixo impacto ambiental já que a área inundada seria mínima. Esse investimento possibilitaria a Roraima deixar de ser dependente da energia gerada em outro país.
Soberania - O senador Tião Viana (PT-AC) considera que é legítima a manifestação política dos agentes públicos na defesa da Amazônia, já que este bioma é o grande vetor do terceiro milênio por reunir a maior floresta tropical do mundo, uma rica e variada biodiversidade além de abrigar a maior reserva de água doce do planeta.
Para Viana, o encontro com o Príncipe Charles é também uma oportunidade de articulação e integração entre os governantes da Amazônia. O Senador no entanto, destaca que em eventos como este o Brasil deve reafirmar sua soberania e auto-suficiência em enfrentar seus desafios e que entende as relações de cooperação como a que está sendo proposta, é uma demonstração de que os brasileiros sabem como tratar seus destinos.
Próximo encontro - A segunda etapa desse encontro está prevista para acontecer dentro de 90 dias e deverá ser sediada em Belém, tendo como anfitriões a governadora Ana Júlia e demais governadores da Amazônia, que se reunirão com um grupo de convidados britânicos, sob a liderança do Príncipe Charles.
Fonte: Ivonete Motta
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