Quinta-feira, 28 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Mundo - Internacional

Prioridade do Equador é combater a pobreza


Renata Giraldi
Agência Brasil

Brasília – A cerca de duas semanas das eleições presidenciais no Equador, que ocorrem no dia 17, o presidente licenciado Rafael Correa lidera as pesquisas de intenção de voto com mais de 60% da preferência dos eleitores. O embaixador do Equador no Brasil, Horacio Sevilla-Borja, disse à Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que a prioridade no país é combater a pobreza com garantias de desenvolvimento sustentável, “seguindo o processo revolucionário” promovido por Correa.

Nas relações com o Brasil, o diplomata disse que o Equador vive uma “época de ouro”, mas lembrou que ainda “falta muito” para assegurar a chamada integração regional. “Com a América Latina unida, estamos criando uma nova arquitetura na região, estamos criando uma nova América Latina não dependente do FMI [Fundo Monetário Internacional], dos Estados Unidos e do Banco Mundial”, ressaltou.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Agência Brasil – Que projetos de país estão em discussão nas eleições do Equador?
Horacio Sevilla-Borja – São eleições muito importantes para o Equador. Nos últimos anos, o país viveu momentos de instabilidade política. De 1997 a 2011, foram 11 governos - até as eleições de 2007, quando o presidente Rafael Correa [que tenta a reeleição] foi eleito, conseguindo promover um processo de estabilidade no país. O que está em jogo é [dar continuidade] ao processo revolucionário.

ABr – Em 2008, logo após sua eleição, Correa defendeu mudanças na Constituição.
Sevilla-Borja – Em 2008, foi aprovada uma nova Constituição, pois Correa promoveu plebiscito e a população votou aprovando [a nova Constituição]. O povo disse que sim. O presidente convocou eleições para a Assembleia Nacional e o projeto foi aprovado. A prioridade hoje no Equador é o combate à pobreza, com preservação da natureza [o chamado desenvolvimento sustentável].

ABr – A disputa envolve o presidente Correa, que tenta a reeleição, e mais sete candidatos?
Sevilla-Borja – Sim. O presidente Correa propõe a continuação do processo revolucionário. Há dois candidatos que querem mudanças mais profundas baseadas no socialismo e os outros são mais à direita. São projetos bem distintos.

ABr – Os candidatos Alberto Acosta e Norman Wray participaram da primeira etapa do governo Correa e agora disputam com ele as eleições. Isso não é estranho?
Sevilla-Borja – Sim, eles formaram parte do governo do presidente Correa. Assim são as circunstâncias políticas; agora defendem mudanças mais profundas, mais à esquerda e vinculadas ao socialismo. O ideal era que fizessem parte de uma mesma aliança […]. O Sr. Wray faz parte de um movimento chamado de Ruptura [transformado em legenda] que defende essas mudanças.

ABr – O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) identificou infrações durante a campanha eleitoral. Isso não representa uma ameaça às eleições?
Sevilla-Borja – No Equador, há cinco forças [poderes] independentes. Um deles é o Conselho Nacional Eleitoral, que é independente. O CNE existe para definir regras e fiscalizá-las para que todos disputem as eleições em igualdade de condições, de tal forma que garantam que as regras sejam para todos. Vários organismos internacionais, como a Unasul [União de Nações Sul-Americanas], a União Africana e a Associação de Países Árabes, assim como a Organização dos Estados Americanos [OEA), enviarão missões de observadores ao Equador. Temos também o Poder Cidadão, formado por organizações sociais, com funções que podem levar, inclusive, à destituição do presidente da República.

ABr – Um eventual segundo mandato do presidente Correa será semelhante ao primeiro?
Sevilla-Borja – O presidente Correa seguirá a revolução cidadã. Na primeira etapa, organizou o Estado e definiu as novas regras. A segunda etapa será utilizada para aprofundar os princípios da revolução, agora será mais fácil. As prioridades são a eliminação da pobreza, acabar com o analfabetismo, estimular o ensino superior e gerenciar cada vez melhor os recursos do país.

ABr – Independentemente do resultado das eleições, como ficará a relação do Equador com o Brasil?
Sevilla-Borja – Nos últimos dois anos, o Brasil e o Equador vivem uma época de ouro. A presidenta Dilma Rousseff e o presidente Correa conversam permanentemente. Os chanceleres [ministros das Relações Exteriores] dos dois países se encontraram quatro vezes. Tudo isso para intensificar os projetos de integração. Há empresas brasileiras no Equador e várias que trabalham com financiamentos. O comércio e o turismo foram incrementados. No turismo, por exemplo, foi criada uma linha direta de voo São Paulo-Quito passando por Guayaquil [segunda principal cidade do Equador]. O Equador compra muito do Brasil e estamos nos esforçando para vender muito também. As principais áreas são energia, petróleo e obras. Uma das principais obras é a Manta-Manaus [que consiste em ligar o Porto de Manta, no Equador, ao de Manaus, na Amazônia].

ABr – O senhor vê muito a ser feito para a chamada integração regional?
Sevilla-Borja – Falta muito. Mas o que já foi feito é histórico. Proteger a soberania é impulsionar a América do Sul. Todos os países têm uma razão de existir. O que ocorreu, nos últimos anos, é que os povos latino-americanos elegeram pessoas fora do padrão. O presidente-operário Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] no Brasil, a primeira presidenta mulher brasileira Dilma Rousseff, o presidente Correa no Equador, o primeiro presidente indígena na Bolívia [Evo Morales], o casal Kirchner na Argentina. Com a América Latina unida, estamos criando uma nova arquitetura na região. Estamos criando uma nova América Latina não dependente do FMI [Fundo Monetário Internacional], dos Estados Unidos e do Banco Mundial.

 

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 28 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Marcos Rocha faz discurso firme na COP29 e desafia o mundo a agir pela Amazônia: “Quem pagará para que a floresta fique em pé?”

Marcos Rocha faz discurso firme na COP29 e desafia o mundo a agir pela Amazônia: “Quem pagará para que a floresta fique em pé?”

O Governador de Rondônia, Marcos Rocha, protagonizou um dos momentos mais marcantes da COP29, realizada no Azerbaijão, ao unir palavras e imagens qu

Biolab reforça foco em inovação em participação na CPhI, evento farmacêutico global

Biolab reforça foco em inovação em participação na CPhI, evento farmacêutico global

Ponto de encontro ideal para ações de relacionamento e prospecção de parcerias, além de atualização das tendências do mercado farmacêutico, a CPhI r

Presidente da FIERO recebe visita do embaixador da Áustria no Brasil

Presidente da FIERO recebe visita do embaixador da Áustria no Brasil

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), Marcelo Thomé, recebeu na última quarta-feira (22), a visita do embaixador da

Gente de Opinião Quinta-feira, 28 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)