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Prostitutas brasileiras em regime análogo ao escravo chegam a 7 mil na Espanha


 
Vladimir Platonow
Agência Brasil

Rio de Janeiro – A Espanha se tornou o principal mercado para prostituição de mulheres brasileiras, que chegam a 7 mil e vivem em regime análogo ao trabalho escravo, segundo a pesquisadora Waldimeiry Corrêa, com base em dados da polícia espanhola.

Waldimery participou hoje (19) da abertura do 5º Fórum de Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que este ano enfatiza a questão do trabalho escravo e suas modalidades pelo mundo.

“Geralmente as brasileiras entram na Espanha via Portugal ou França, porque os aeroportos espanhois têm um controle muito forte. Elas já saem do Brasil com dívida de três a 7 mil euros e sabem que vão trabalhar no mercado do sexo, seja como garçonete, dançarina ou fazendo trabalho sexual. Mas acham que vão ter um rendimento de até 5 mil euros por mês, o que não é verdade.”

A pesquisadora relatou que as prostitutas têm que realizar um mínimo de oito programas por dia, chegando a 20 relações diárias, para pagar as dívidas. Disse que é cobrada uma taxa de 50 euros por dia pelo dono da boate, além de 3 euros por relação, a título de troca de lençol e preservativos. Do rendimento bruto, elas acabam ficando com apenas 40%.

“No fim ganham cerca de 800 euros mensais, que é o equivalente ao salário mínimo espanhol. A grande maioria consegue pagar as dívidas [com os aliciadores] em dois anos, mas depois segue exercendo a profissão, por falta de possibilidade de outro trabalho”.

A crise econômica dos últimos anos fechou o mercado formal para os imigrantes.
Ela contou que a viagem das brasileiras para o mercado do sexo europeu começa em pequenas cidades do interior, principalmente no Ceará e em Goiás, por intermédio de uma amiga ou conhecida, que faz parte do esquema e ganha até 10 mil euros por aliciamento.

Os grupos mafiosos se encarregam do resto do processo, como passaporte, visto e passagem aérea, mas depois obrigam a trabalhos exaustivos em boates, criando uma relação análoga ao trabalho escravo, até o pagamento total das despesas.

“O Brasil trabalha muito por meio de uma amiga ou parente que foi para o exterior e exerceu a prostituição. A máfia usa a brasileira que mora lá para aliciar as outras. Muitos mafiosos são empresários do setor de turismo ou hoteleiro. A máfia ibérica prefere as brasileiras porque elas têm uma maior aceitação no mercado espanhol.”

Segundo a polícia espanhola, existem 75 mil prostitutas estrangeiras no país. Waldimery desenvolve tese de doutorado sobre direito internacional na Universidade de Sevilha e trabalha em uma organização de acolhimento de mulheres em situação de risco. Como a idade máxima que as boates aceitam as prostitutas é 30 anos, depois disso elas são obrigadas a trabalhar nas ruas, quando ficam desprotegidas e fazem programas por menor preço.

“A grande maioria entra em um ciclo que não consegue sair e se dá mal. Não consegue alcançar aquele sonho europeu de retornar ao Brasil, comprar uma casa, um carro e montar um negócio. E para não voltar frustrada e deteriorada, segue trabalhando na rua”.
 

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