Segunda-feira, 18 de janeiro de 2016 - 19h19
O intenso fluxo de pessoas que fogem de guerras, perseguições e da pobreza em busca de refúgio na Europa criou uma crise política e humanitária. E as mulheres que fazem essa perigosa e cansativa jornada para alcançar o território da União Europeia sofrem ainda mais, segundo relatório da organização não governamental Anistia Internacional, publicado hoje (18).
A entidade aponta que governos e as agências de ajuda humanitária não estão garantindo nem os direitos básicos às refugiadas que saem da Síria e do Iraque.
Segundo o estudo, mulheres e meninas são vítimas de violência, ataques, exploração e assédio sexual em todas as etapas da jornada da Turquia até a Grécia e, depois, cruzando os Bálcãs. O destino delas, assim como da maioria dos que buscam asilo na Europa, é a Alemanha.
Nas 40 entrevistas feitas pela Anistia Internacional, todas as mulheres disseram se sentir inseguras e ameaçadas, inclusive em campos de recepção e registro de refugiados em solo europeu. “Muitas disseram que em quase todos os países pelos quais passaram, viveram abusos físicos e exploração financeira, foram assediadas e pressionadas a ter relações sexuais com traficantes de pessoas, agentes de segurança e outros refugiados”, detalha o relatório.
A falta de infraestrutura adequada também coloca as mulheres em risco. Uma delas disse à Anistia Internacional que, num centro de recepção de refugiados na Alemanha, não havia banheiro e chuveiro femininos, e as mulheres eram obrigadas a dividir as instalações com homens.
“No mínimo, as medidas de suporte deveriam incluir banheiros e áreas para dormir separadas por sexo. Essas mulheres e suas crianças fugiram de uma das áreas mais perigosas do mundo e é vergonhoso que elas ainda estejam em risco em solo europeu”, criticou a diretora de Resposta a Crises da Anistia, Tirana Hassan.
A situação dos refugiados, que já era crítica diante dos perigos de atravessar o Mar Mediterrâneo e da superlotação na Costa da Grécia, se agravou com o fechamento das fronteiras da Hungria, que forçou os refugiados a buscarem rotas alternativas, a pé, pelos países dos Bálcãs. A viagem até países mais ricos, no Oeste Europeu, ficou ainda mais longa e perigosa.
Para a Anistia Internacional, o combate às situações degradantes exemplificadas no relatório passa pela criação, pelos governos europeus, de rotas legais para que as pessoas possam migrar de forma segura, sem exploração.
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