Sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017 - 06h12
O presidente Donald Trump revogou dia 22, uma orientação do ex-presidente Barack Obama de maio de 2016 que obrigava as escolas públicas dos Estados Unidos a permitir que os alunos escolhessem qual banheiro usar de acordo com sua identidade de gênero. Caso não cumprissem a medida, as escolas poderiam parar de receber recursos do governo federal. A medida foi uma das mais discutidas do governo Obama no ano passado.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, a ideia de Trump é que os estados decidam como as escolas devem proceder. Antes mesmo da medida de Trump, um juiz do Texas havia suspendido a orientação de Barack Obama depois que 13 estados entraram na Justiça para impedir que a decisão fosse tomada no nível federal.
Outra polêmica foi com relação a relatos de um suposto conflito entre o Departamento de Justiça, a favor da medida, e a secretária de Educação de Trump, Betsy DeVos, que seria a favor de manter a orientação de Obama, mas ontem (23) a secretária defendeu Trump e disse que a orientação era um dos exemplos do hábito do governo anterior de ultrapassar suas atribuições.
Houve protestos em diversas cidades dos Estados Unidos contra a revogação. Em frente à Casa Branca, grupos de ativistas segurando placas que diziam “protejam as crianças trans” e “eu estou do lado dos estudantes trans” discursaram. Um dos discursos que ganhou repercussão foi o de Gavin Grimm, que disse que o governo não vai ganhar.
Gavin entrou na Justiça contra a sua escola, em Gloucester, na Virginia, que negou que ele pudesse usar o banheiro masculino. A escola emitiu dia 22 um comunicado em que apoia a medida do governo federal de revogar a orientação e diz que ela contribui para respeitar o papel que os estados têm no estabelecimento das políticas educacionais. A escola chamou sua política com relação ao uso de banheiros de “política de senso comum e legal perante a lei”.
Jessenin Galan trabalha na Casa Ruby, em Washington, capital dos Estados Unidos, centro voltado para direitos da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). Ela diz que os jovens transexuais devem ser respeitados e que para isso é preciso que tenham direito de usar os sanitários adequados. “A nova medida só vai gerar mais violência e bullying contra os jovens transexuais”, diz ela.
Kerri Kupec, da Aliança em Defesa da Liberdade (Alliance Defending Freedom), com sede em Scottsdale, no Arizona, acredita que a medida do governo Obama violava a privacidade e colocava em risco a segurança dos estudantes. “Há pesquisas que mostram que pessoas que foram vítimas de abuso podem sofrer com transtorno de estresse pós-traumático caso tenham de dividir o banheiro com pessoas de outro sexo”. Ela acredita que as escolas têm soluções à disposição para os estudantes transgênero, como criar vestiários específicos para eles.
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