Brasília – Em meio aos rumores sobre o agravamento do estado de saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o presidente interino do país, Nicolás Maduro, acusou ontem (4) a oposição de liderar um movimento nacional de “intrigas” e uma “ofensiva”. Para Maduro, a oposição planeja um “golpe de Estado” na Venezuela. Nos últimos dias, a oposição cobrou mais detalhes sobre o tratamento de Chávez, levantando suspeitas sobre as informações divulgadas.
Maduro, apontado como o substitudo natural de Chávez, disse que jamais pensou em ocupar a Presidência da Venezuela. "Eu nunca tive ambições [para a Presidência]”, ressaltou. Há cerca de um mês Chávez está internado em Cuba para o tratamento de combate ao câncer. Foi submetido à quarta cirurgia, em 18 meses, e apresentou complicações, como hemorragia e infecção respiratória.
Maduro disse que está em curso uma campanha de "mentiras e intrigas", mas destacou que é necessário "respeitar os direitos de Chávez". "A todos da imprensa, [peço para que] fiquem com a verdade e não brinquem com fogo. Nós, que temos cargos públicos, vamos agir para garantir o respeito ao povo da Venezuela e ao comandante [Chávez], que tem direito à sua privacidade e recuperação. A Venezuela tem direito à paz. Permitam-se conter a desordem, manter a democracia e segurem os loucos.”
O presidente em exercício disse que há setores da oposição criando um ambiente para que ocorra um golpe contra Chávez, comandado pelo presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), Diosdado Cabello.“[Isso é} um absurdo total. Ramón Guillermo Aveledo [um dos principais líderes da oposição na Venezuela] pretende que nosso querido Diosdado Cabello e a Assembleia Nacional deem um golpe contra Chávez”, disse.
Cabello, que preside hoje (5) uma sessão extraordinária da Assembleia Nacional para eleger o novo comando da Casa, é considerado um dos mais leais correligionários de Chávez. Nos últimos dias, esteve duas vezes em Havana, capital cubana, onde o presidente venezuelano está em tratamento para o combate ao câncer.
Para Maduro, está em curso uma "guerra suja e psicológica" por intermédio das redes sociais para estimular dúvidas e incertezas sobre o estado de saúde de Chávez, que "continua com suas funções presidenciais". A afirmação do presidente interino é para descartar também qualquer dúvida sobre o comando de Chávez no poder.
O vice-presidente e chanceler da Venezuela, no exercício da Presidência da República, condenou uma carta divulgada por Aveledo. Segundo ele, na carta o oposicionista "quer manipular o texto da Constituição" levando a população a acreditar que haverá um “vazio político” no país.
Os rumores ocorrem porque dentro de cinco dias, no próximo dia 10, está marcada a posse do presidente, reeleito em outubro. Pela Constitutição, se Chávez não assumir será empossado o presidente da Assembleia Nacional e convocadas eleições presidenciais em até 30 dias. Não há definição, por enquanto, se a data será alterada.
*Com informações da emissora multiestatal de televisão, Telesur // Edição: Andréa Quintiere