Sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014 - 12h28
Carolina Sarres
Agência Brasil
A Venezuela convocará uma reunião com a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para discutir a situação do país, informou hoje (28) o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Eliás Jaua, em visita ao Brasil. De acordo com ele, o Brasil apoia essa iniciativa. Jaua chegou a Brasília no final da noite de ontem (27) e foi recebido pelo chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, em sua residência, onde falaram sobre a questão. Ainda nesta sexta-feita o ministro venezuelano segue para a capital do Suriname, Paramaribo, que exerce a presidência pro tempore (temporária) da Unasul, para protocolar a convocatória.
A visita de Jaua ao Brasil foi mais uma das outras quatro que ele fez esta semana. O chanceler visitou a Bolívia, o Paraguai, o Uruguai e a Argentina com o objetivo de agradecer o apoio dos países vizinhos e membros do Mercosul e dar informações às imprensas nacionais sobre os últimos acontecimentos na Venezuela. Para ele, a reunião com a Unasul sirvirá para esclarecer ao mundo que, na América do Sul, não há espaço para a violência e o desrespeito à democracia. De acordo com o ministro, a Unasul é um mecanismo que tem sido eficiente para a resolução de conflitos políticos na região. "A via para ser governo é a democrátca, por meio da decisão da maioria. Quem perde tem de respeitar [isso]. É o que esperamos do debate no seio da Unasul", informou Jaua.
De acordo com ele, dos 330 municípios venezuelanos, em 18 há protestos com violência. Na capital Caracas, as manifestações têm se concentrado em locais de classe média e alta. "Os conflitos que têm ocorrido no país são de natureza política e ideológica, liderados por uma corrente de pensamento neofascista que a Venezuela vem denunciando ao longo dos anos", disse.
O chanceler contestou as reações da comunidade internacional contrárias à repressão das manifestaçoes violentas no país. Segundo ele, não se pode negar ao governo o direito e o dever de restituir a ordem em conformidade com a Constituição. "É injusta a imagem que se tem tentado construir da Venezuela. Somos um povo de paz, que respeita a democracia", disse Jaua. "O querem que façamos? Que não controlemos, que deixemos acontecer [os protestos]? É o que alguns países nos pedem", Completou.
Segundo o Itamaraty, o chanceler venezuelano ressaltou o empenho do presidente Nicolás Maduro na promoção de um diálogo nacional. Por meio do ministério, o Brasil agradeceu a gentileza da visita e as informações prestadas. "O ministro Figueiredo manifestou a confiança de que, pela via do diálogo e do respeito ao ordenamento institucional, a Venezuela resguardará a ordem democrática e o Estado de Direito, atendendo aos anseios do povo venezuelano e de seu governo de seguir seu desenvolvimento com estabilidade política e paz", informou a nota.
Há 16 dias, são registrados protestos em várias localidades da Venezuela. Atos de violência deixaram pelo menos 14 mortos, dezenas de feridos e mais de 500 pessoas detidas. Os protestos começaram em 12 de fevereiro, com uma marcha pacífica de estudantes contra a insegurança, mas se intensificaram no mesmo dia, quando confrontos entre manifestantes, forças da ordem e grupos armados provocaram a morte de três pessoas.
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