Quarta-feira, 18 de abril de 2018 - 20h57
Ao proibir o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel de encontrar-se com Lula na prisão, a juíza Carolina Moura Lebos, da 12ª Vara de Curitiba, tomou uma decisão que envergonha o Brasil.
Interlocutor regular do Papa Francisco, Esquivel não é um visitante qualquer.
Ganhou o Premio Nobel da Paz, em 1980, num reconhecimento pelo seu trabalho em defesa de direitos humanos na América Latina. Preso e torturado por militares de seu país, a Argentina, sua persistência na denúncia dos maus tratos a prisioneiros de todo mundo representou um esforço decisivo para a criação da Secretaria de Direitos Humanos da ONU, orgão que fiscaliza e protege cidadãos indefesos em todo o mundo.
Com uma visão universal de uma forma de violência estatal que causou vítimas em várias latitudes, Esquivel sempre se recusou a assumir uma perspectiva seletiva em suas denuncias. Não só defendeu os direitos das vítimas dos regimes militares de nosso continente, mas também chamou a atenção para a perseguição de dissidentes na antiga União Soviética e demais países da Europa do Leste.
Em 1980, Esquivel acabara de deixar a prisão quando tomou o caminho de Oslo, onde recebeu o Nobel.
Em 19 de abril daquele mesmo ano, Lula foi preso numa tentativa de derrotar uma greve de metalúrgicos. Até há pouco, aquela prisão – que fará seu 38º aniversário amanhã, era vista como lembrança de um passado que ninguém gosta de lembrar.
Ao proibir a visita, a juíza Carolina Moura Lebos fez nova tentativa de fazer o país andar para trás, pois implica em rejeitar as Regras de Mandela, reconhecidas pela ONU como padrão mínimo de respeito de respeito devido aos prisioneiros do mundo inteiro.
A visita de Esquivel tem base jurídica inegável. A proibição é política. Empenhada em silenciar Lula de qualquer maneira, o veto tem a finalidade de impedir que a autoridade universal de um Prêmio Nobel da Paz, a mais importante condecoração do planeta, sirva par denunciar a imensa injustiça contra Lula. Sim, o contexto é tipico: querem nos levar de volta a um mundo que convivia confortavelmente com o regime do apartheid que Nelson Mandela ajudou a derrotar.
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