Sexta-feira, 4 de março de 2016 - 07h22
Com mais de 9 mil casos de infecção por zika registrados em três territórios (Martinica, Guiana Francesa e Guadalupe) nas Américas desde dezembro de 2015, a França foi um dos primeiros países a lidar com a grande propagação do vírus, quando ele começou a circular em 2014 na Polinésia Francesa, território francês localizado na Oceania. Segundo o embaixador da França no Brasil, Laurent Bili, na época, um terço da população local, cerca de 270 mil habitantes, foi infectada.
Embaixador da França, Laurent Bili, diz que pesquisadores franceses estudam o vírus Zika desde 2014
Esta semana, os governos brasileiro e francês reuniram-se em Brasília para começarem a dialogar sobre parcerias em pesquisas sobre o Zika. De acordo com Bili, pesquisadores franceses estudam o vírus Zika desde 2014. “Temos coisas para compartilhar porque somos um pais que conhece a experiência de uma epidemia e que tem recursos de pesquisadores especializados em doenças tropicais”, disse o embaixador.
“Para os territórios nas Américas [que estão passando por um surto da doença] enviamos mobilização dos serviços hospitalares, enviamos missões da França para reforçar as equipes e trabalhar no diagnóstico e tratamento”, explicou Bili. Além disso, o governo francês desaconselha a ida de gestantes para estes locais.
No país, o Instituto Pasteur e o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento estão envolvidos nas pesquisas sobre o vírus. Segundo o embaixador, também a rede de pesquisa criada para combater o ebola está sendo útil nos estudos sobre o zika.
No Brasil, os primeiros casos de doença foram registrados no começo de 2015. A relação com microcefalia foi confirmada pelo Ministério da Saúde em novembro. No começo de fevereiro a Organização Mundial da Saúde decretou emergência internacional em saúde pública devido à "provável" relação entre o zika e a microcefalia.
O mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus Zika e da dengue, não circula na França, porém, segundo o embaixador, o país tem 73 casos de infecção por Zika de pessoas que foram contaminadas fora do país, entre eles, cinco grávidas.
Vacina
O vice-presidente da Dengue Company , Guillaume Leroy, diz que a vacina para a zika vai demorar
Pesquisadores franceses já comprovaram cientificamente a ligação entre o vírus Zika e a Síndrome de Guillain-Barré. Ainda na França, o mesmo laboratório que descobriu a primeira vacina da dengue, Sanofi-Pasteur, está desenvolvendo uma vacina contra o vírus Zika.
Guillaume Leroy, vice-presidente da Dengue Company da Sanofi-Pasteur, explica que toda a plataforma tecnológica usada para o desenvolvimento da vacina da dengue é um avanço para os estudos do novo imunizante.
“Estamos na fase de entender o vírus, entender a resposta imune ao vírus. Depois vamos fazer investigação para testar algumas tecnologias de vacinas para eleger a melhor para ser testada contra este vírus. É um processo demorado mas muito importante”, disse Leroy. A empresa não tem previsão para conclusão do imunizante. “Questão de anos”, disse Leroy.
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