Quarta-feira, 30 de agosto de 2023 - 14h07
O cenário fiscal em todo o país é
de alerta para a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Com aumento de
despesas e diminuição de receitas, gestores locais, das cinco Regiões do
Brasil, relatam dificuldades para fechar as contas. A nível nacional, 51%das prefeituras brasileiras estão no vermelho. Em Rondônia, 30 Municípios
de 49 que enviaram dados ao Siconfi encerraram o primeiro semestre de 2023 com
déficit, o que representa 61%. Em 2022, no mesmo período, não houve registro de
Municípios nesta situação. Confira aqui o estudo completo.
Isso significa que o percentual de comprometimento da receita está
alto. Em Rondônia, a cada R$ 100 arrecadados nos pequenos Municípios, R$ 100 foram
destinados a pagamento de pessoal e custeio da máquina pública. “Estamos em
diálogo com as autoridades em Brasília e já alertamos. Muitos não veem o que
está acontecendo na ponta, mas o problema é grave. Isso é também resultado de
despesas criadas no Congresso e pelo governo federal sem previsão de receitas,
como os pisos nacionais, caindo toda a demanda no colo dos Municípios”, avalia
o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Entre as despesas que oneram os cofres das prefeituras do Estado
estão, por exemplo, recomposições salariais de servidores municipais, o impacto
de reajuste do piso do magistério, que, se concedido como foi imposto pela
União, soma R$ 91,3 milhões, e o atraso no pagamento de emendas parlamentares. A
redução em emendas de custeio – do primeiro semestre de 2022 para o mesmo
período de 2023 – é de quase 82%, passando de R$ 131,2 milhões para R$ 23,4 milhões.
No total de emendas, a queda foi de R$ 224,1 milhões para R$ 131,2
milhões para o Estado. A cota-parte do ICMS, afetada pela LC 194/2022, recuou
12,7%
Enquanto as despesas de custeio tiveram aumento de 23,6%, o Fundo
de Participação dos Municípios (FPM) apresenta mais decêndios menores do que o
mesmo período de 2022. No primeiro decêndio de julho, por exemplo, houve uma
queda brusca de 34,49% no repasse. Em agosto, a queda foi de 23,56%, explicada
por uma redução na arrecadação de Imposto de Renda e um lote maior de
restituição por parte da Receita Federal.
Além disso, os gestores de Rondônia enfrentam o represamento de
12,1 milhões de procedimentos ambulatoriais e 58,4 mil procedimentos
hospitalares durante a pandemia, sendo necessários R$ 175,8
milhões para equacionar a demanda; 200 programas federais com defasagens que
chegam a 100%; 71 obras paradas e abandonadas por falta de recursos da União; e
obras concluídas com mais de R$ 60,2 milhões em recursos próprios sem repasse do governo federal.
Confira aqui o manifesto assinado pelo presidente da CNM,
Paulo Ziulkoski.
Propostas
Para reverter a sobrecarga de serviços que recai sobre os Entes
locais sem a correta alocação de recursos, a CNM atua por medidas que possam
distribuir de forma mais efetiva as receitas do país. Uma delas é o aumento de
1,5% no FPM de março, que tramita na PEC 25/2022, e, se aprovada, representará
R$ 99,5
milhões. Há ainda a redução da alíquota patronal do INSS para 8% em Municípios
de até 156 mil habitantes (PL 334/2023), a recomposição do ICMS (PLP 94/2023),
com R$ 68,2
milhões aos cofres municipais, e o fim do voto de qualidade do Carf (PL
2384/2023), com potencial de injetar R$ 373,3 milhões no FPM, entre
outros.
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