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Assoreamento pode ter contribuído para cheia além do esperado em Ji-Paraná


 
Em comparação com o nível das enchentes dos últimos anos, o rio Machado ainda está abaixo do que foi registrado em anos anteriores. Os estragos de agora são até maiores, embora na prática, a régua esteja abaixo do registrado nas enchentes de 2005 e 2006, por exemplo.

Daniel Panobianco – A enchente na região central de Rondônia, especialmente em Ji-Paraná, pode ser considerada a mais grave dos últimos anos diante dos estragos e números de pessoas atingidas, mas não do nível do rio. Nas duas últimas enchentes, em 2005 e 2006, o nível subiu muito mais, porém os estragos foram menores. A resposta para isso: Assoreamento.

Não é de hoje que o rio Machado perde suas matas ciliares a cada dia. Também não é de hoje, que a calha fica cada vez mais rasa e a quantidade de areia e outros sedimentos só aumenta.

Na enchente de 2005, a situação foi preocupante. O nível máximo do rio registrado foi de 11,83 metros no dia 6 de março, de acordo com dados da estação telemétrica da ANA (Agência Nacional de Águas). Mesmo com todo esse volume de água, os estragos foram menores que a enchente atual.

Já em 2006 também ocorreu enchente. A régua da ANA marcou 11,71 metros no dia 20 de fevereiro. Apesar de um nível muito alto, a quantidade de bairros e propriedades rurais atingidas foi bem menor que agora.

Hoje, o nível máximo até o momento é de 11,44 metros, mas a cena da enchente assusta até mesmo os moradores mais antigos, ribeirinhos que sempre conviveram com enchentes nesta parte da Amazônia. Já são 8 mil moradores atingidos e mais de 300 propriedades rurais inundadas.

Quando se destrói a mata ciliar, a principal proteção para o nível de calha estável de um rio, naturalmente, no caso de uma enchente, a água irá vazar para os lados, já que em superfície há mais areia. A cena que vemos agora, de quilômetros e quilômetros tomados pela água, com a enchente chegando até 10 km de distância do leito do rio invadindo fazendas e deixando grande parte dos bairros ao leito ilhados, nada mais é do que a resposta para o não cuidado adequado com as matas ciliares, para o depósito de dejetos em suas margens e assim por diante.

O nível do rio Machado pode até estar abaixo do verificado nas últimas enchentes, mas se o assoreamento ocorre sem freação alguma, no passar de alguns anos, não muito distante, qualquer chuva acima do esperado, mesmo que não seja capaz de provocar enchente, irá refletir em um rio Machado que está cada vez mais raso e mais pobre em proteção ambiental.

Dados: ANA/Fonte: De olho no tempo

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