Sábado, 31 de outubro de 2015 - 06h25
Os camponeses da área 10 de maio seguem em luta pelas terras da antiga fazenda Formosa, área pública destinada à reforma agrária, em Buritis. Desde 2004, mais de 150 famílias vivem, produzem e lutam em seus lotes, resistindo a toda sorte de violência. E não foi diferente na última ordem de despejo, expedida pelo juiz federal Herculano Martins Nacif. Os camponeses não se intimidaram e permaneceram em suas terras, apesar de toda violência do grande fazendeiro Caubi Moreira Quito, da associação de latifundiários da região de Buritis e seus bandos armados de pistoleiros e policiais, inclusive oficiais.
As famílias se mobilizaram, denunciaram as violências do latifúndio, a enrolação do Incra, Terra Legal e Ouvidoria Agrária e fizeram mais reuniões em Porto Velho e Brasília. Para se verem livres do despejo, os tralhadores ofereceram pagar uma parte da indenização pelas benfeitorias do latifundiário Caubi Quito. O Incra cadastrou as famílias e se comprometeu a acelerar a regularização, mas nada está garantido.
Últimas ações criminosas do latifúndio na área 10 de maio
Por sua vez, a polícia militar segue atacando os camponeses a mando do latifúndio. No último dia 15 de outubro, cerca de 5 policiais militares encapuzados, foram na área 10 de maio, cortaram com motosserra um barraco e mastros de bandeira e deram disparos de arma de fogo. Pararam um carro na estrada, revistaram, jogaram no chão os documentos que estavam em ordem, proferiram xingamentos racistas contra o camponês e ameaçaram: “Fala para essa tal de Liga que não temos medo deles!”
No dia seguinte, 3 viaturas da PM, com cerca de 15 policiais retornaram, insultaram os camponeses de bandidos e prenderam 5 em suas residências, alegando crime de desobediência, como se eles estivessem na área vizinha onde existe uma ordem de reintegração de posse. Eles foram presos no camburão na frente dos filhos que choraram assustados, e só foram liberados após serem multados em 2 salários-mínimos cada. Alguns destes camponeses têm mais de 4 filhos, são tão pobres que chegam a passar fome e agora estão pagando por um crime que não cometeram.
Comerciantes que atendem a área e toda a comunidade vizinha denunciam que a polícia está criando um clima de terror entre a população e afastando a freguesia. Viaturas chegam nos comércios em alta velocidade, os policiais descem empunhando arma de grosso calibre e mandando todos deitarem no chão, até crianças e mulheres grávidas. Os policiais acusam os “sem-terra” da região de vários crimes, mas sequer apresentam ordem judicial. Numa das batidas criminosas, um camponês foi preso só porque já cumpriu pena, mesmo apresentando seu alvará de soltura.
Há dois anos, as dezenas de crianças da área 10 de maio estão sem estudar, apesar dos camponeses já terem feito várias denúncias no Incra, Conselho Tutelar e Ministério Público.
Na região, é grande o comentário de que a associação de latifundiários está planejando assassinar lideranças camponesas e apoiadores em Buritis. Em Ariquemes, vários camponeses foram seguidos por um carro sedam Slogan, cor prata, de placa EDJ-4960, de Porto Velho.
Na mesma região, camponeses da área Monte Verde e outros acampamentos também sofrem todo tipo de violência de pistoleiros e policiais, enquanto lutam pelo sagrado direito à terra para viverem e sustentarem a família com seu próprio trabalho.
O Ouvidor Agrário Nacional, o Sr. Gercino José, afirmou que assim que regularizar as posses das famílias da área 10 de maio vai punir os camponeses que têm cometido barbaridades na região. Em nenhum momento ele fez nada para punir os latifundiários que são os verdadeiros bandidos do Vale do Jamari: contratam policiais para serviço de pistolagem, caluniam, perseguem, prendem, agridem e assassinam camponeses e apoiadores, destroem suas casas, roças, criações e outros pertences. Apesar das inúmeras provas, nenhum pistoleiro, policial ou latifundiário é punido.
No último dia 21, Gercino José reuniu com representantes da segurança pública do governo estadual para tratar de conflitos agrários. O secretário de segurança Antônio Carlos dos Reis afirmou que a polícia monitora todas as áreas de conflito e que apresentará um relatório sobre isso ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.
É assim que Confúcio/PMDB e Dilma/Lula/PT tratam a questão agrária: escondem seus crimes e o descumprimento da reforma agrária prevista na constituição e tratam a luta pela terra como caso de polícia.
Gercino José parabenizou a secretaria de segurança de Rondônia pela prevenção de crimes no campo e prometeu recursos para ajudar nas operações policiais. Mas não dá um centavo para regularizar as posses dos camponeses. E não dá uma palavra sobre o fato do estado ter ganhado o vergonhoso título de campeão de mortes no campo. Silêncio também sobre a região de Buritis, onde pululam abusos e crimes da polícia, inclusive grupos de extermínio dirigidos por comandantes e oficiais da PM.
Na reunião, o Ouvidor Nacional dos latifundiários Gercino José ainda ameaçou suspender as negociações nas áreas onde houver conflito. Desta forma, Dilma fará aumentar a violência no campo, porque os latifundiários continuarão com suas terras oprimindo os camponeses, e por sua vez, os trabalhadores terão que lutar ainda mais pelo direito à terra. Nos últimos 13 anos de gerenciamento petista, só conquistou terra quem tomou latifúndios, resistiu a despejos violentos, cortou as terras por conta, distribuiu os lotes entre as famílias, fez manifestações e atos políticos, cortou rodovias e ocupou prédios públicos.
Em várias reuniões de polícia e Incra, o nome do apoiador da luta camponesa Pelé aparece como incentivador das tomadas de terra. Grande mentira! Quem incentiva as ocupações é a paralisação da reforma agrária falida do governo e a crise que já está causando quebradeira nos comércios e demissões. A vida de Pelé e outros apoiadores e lideranças camponesas corre sério risco. É urgente uma grande campanha em defesa deles.
Contra a crise, tomar todas as terras do latifúndio!
O latifúndio em Rondônia já iniciou uma nova ofensiva contra os camponeses e movimentos de luta pela terra, com total apoio dos governos Dilma/PT e Confúcio/PMDB. Querem aplastar a luta camponesa. Mas a cada dia mais trabalhadores sem terra ou com pouca terra nos procuram para saber quando será a próxima ocupação, tomadas de terra se espalham pelos 4 cantos. Os camponeses se organizam e se preparam mais, avança a Revolução Agrária que em breve se transformará numa onda invencível.
É a única forma de tirar o país da crise e iniciar as mudanças verdadeiras de que precisamos. Todo o povo deve conhecer, divulgar e apoiar ativamente esta luta.
Regularização imediata das posses dos camponeses da área 10 de maio!
Lutar pela terra não é crime!
Conquistar a terra, destruir o latifúndio!
Fonte: LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental / Márcio Martins
Legendas das fotos:
Dia 21 de outubro de 2015, em Porto Velho, representantes de Dilma/PT e Confúcio/PMDB se reúnem para criminalizar os camponeses em luta pela terra. Enquanto isso, no Vale do Jamari, pistoleiros e policiais cometem livremente todo tipo de violência a mando dos latifundiários.
(Foto da estrada): Policiais escoltam carro de Caubi Moreira Quito para colocar sal para o gado, na antiga fazenda Formosa.
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