Segunda-feira, 31 de agosto de 2020 - 20h37
Em audiência Judicial virtual, realizada na tarde e noite de hoje (31),
comandada pela Juíza de Direito, Ana Valéria de Queiroz Ziparro, visando analisar
pedido de Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público contra o Município
de Ji-Paraná, tendo em vista a edição do decreto municipal 13.085/2020, que
flexibilizou as atividades comerciais na cidade, o Governo do Estado, através
do Secretário Adjunto de Saúde, Nélio Souza, se comprometeu em reavaliar os
critérios adotados pelo Plano Estadual de Enfrentamento ao Covid e o
Município de Ji-Paraná, através do Prefeito Municipal, Marcito Pinto, propôs
uma parceria para ajudar o Governo do Estado a implantar 10 leitos de UTIs no
Hospital Municipal, mesmo cabendo ao Estado a obrigação de disponibilizar
os serviços de alta complexidade a população. O município propõe, inclusive a
utilizar recursos municipais, para contribuir com o Governo do Estado.
Os representantes do Estado expuseram que existe uma grande dificuldade
em contratar médicos para atuar nas UTIs, onde o Governo do Estado já realizou
trinta chamamentos públicos com objetivo de contratar profissionais, entretanto
a procura é grande em todo o País. O município de Ji-Paraná se dispôs em buscar
no mercado profissionais intensivistas que queiram atuar no serviço público e
apresentar para o Governo do Estado.
Também ficou definida uma reunião técnica entre o Prefeito e a equipe da
Secretaria de Estado da Saúde, agendada para ocorrer amanhã (01), por vídeo
conferência, com o objetivo de se firmar um acordo quanto aos Leitos de UTIs e
também para uma reavaliação quanto a mudanças nos critérios utilizados para
classificação dos municípios.
Uma das propostas é que não haja mais duas Macrorregiões e que todos os
Leitos de UTIs disponíveis no Estado sejam disponibilizados para toda a
população de Rondônia, evitando assim, que ocorra tratamento diferenciado entre
os municípios do Estado. Caso essa proposta seja aceita, todos
os municípios de Rondônia teriam uma distribuição de UTIs mais
igualitária.
Mediante a possibilidade de um acordo formal entre o Estado e Prefeitura
de Ji-Paraná visando uma solução para a problemática, a Juíza Ana Valéria de
Queiroz Ziparro, decidiu aguardar uma posição desta reunião que
acontecerá amanhã (01) para que o mérito da Ação Civil Pública
proposta pelo Ministério Público seja julgada.
Na audiência participaram representantes do Governo do Estado,
Prefeitura de Ji-Paraná, Ministério Público Estadual, Associação da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB-ji-Paraná), Associação Comercial e Industrial de
Ji-Paraná (Acijip), Câmara de Dirigentes Lojistas de Ji-Paraná (CDL), Conselho
Regional de Medicina (Cremero), Conselho Municipal de Saúde, Defensoria
Pública, Câmara de Vereadores, além do médico infectologista, Luiz Henrique
Duarte, convidado como colaborador da audiência.
Foi exposto durante a audiência a falta de estrutura hospitalar na
grande maioria dos municípios que estão na Macrorregião II e que acabam
dependendo diretamente da rede de saúde dos municípios de Vilhena, Cacoal e
Ji-Paraná, o que tem causado um grande gargalo para o sistema de saúde para
esses três municípios maiores.
Também ficou claro o tratamento diferenciado entre a Macrorregião I e
Macrorregião II quanto ao número de UTIs disponibilizadas pelo Governo do
Estado. São 167 leitos de UTIs para a Macrorregião I e apenas 47 para a
Macrorregião II. A macrorregião I tem uma leito de UTI para cada 6 mil
habitantes, enquanto a Macrorregião II possui um leito de UTI para 16 mil
habitantes.
O Prefeito de Ji-Paraná, Marcito Pinto (PDT), contestou os critérios
avaliativos do Governo do Estado, apresentando números do município
disponibilizados pelo Próprio Governo do Estado, quanto ao tratamento de
pacientes da cidade, onde a incidência de contaminados é uma das menores,
quando comparados com os 20 maiores municípios do Estado e o índice de curados
é de 87%.
Outro ponto colocado é que a performance de resultados positivos dos 34
municípios que fazem parte da Macrorregião II é melhor do que os municípios da
Macrorregião I, quando levado em consideração a incidência para 100 mil
habitantes. Inclusive, nos percentuais de mortes ocorridas em todo o
Estado. Do número total de mortes registradas em Rondônia, 21% ocorreram em
municípios da macrorregião II, 79 % ocorreram em municípios localizados
na Macrorregião I. Ou seja, a taxa de letalidade na Macrorregião II é
muito menor do que a da Macrorregião I.
Tanto CDL como Acijip, expuseram o posicionamento da classe empresarial
do município de que o comércio Ji-Paranaense tem cumprido todos os protocolos
de higienização desde o início da pandemia, e classificaram como injusto os
critérios que hoje são adotados.
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