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Mais um camponês desaparecido no Vale do Jamari



Jaru - Camponeses do Acampamento Luiz Carlos, no município de Monte Negro denunciaram o desaparecimento do acampado Lucas da Costa da Silva, de 24 anos, na noite de 31 de dezembro. Este acampamento luta pelas terras da fazenda Fluminense, na linha 25, no município de Monte Negro, cujo pretenso proprietário é o latifundiário e ex-deputado Jair Miotto. Lucas saiu do acampamento dizendo que ia pescar na represa da fazenda. Depois, camponeses ouviram muitos disparos de armas de fogo, vindos da direção da sede da fazenda. Pelo histórico de violência da região, que lembramos logo abaixo, os trabalhadores acreditam que o mais provável é que Lucas tenha sido assassinado por pistoleiros do latifundiário Jair Miotto.

Os camponeses denunciaram ainda que os pistoleiros destruíram casas da fazenda como forma de incriminar os camponeses e justificar o assassinato de Lucas. A página de internet 24 Horas Notícias, na madrugada do 1º dia de 2016, divulgou a matéria “Sem terras invadem e incendeiam casas em fazenda na zona rural de Monte Negro” onde acusam camponeses de incendiar casas da fazenda e de terem disparado acidentalmente entre si.

Os trabalhadores comunicaram que estão organizando um grupo de acampados, camponeses vizinhos e apoiadores para ir na sede da fazenda para tentar localizar Lucas vivo ou morto. Este foi mais um crime anunciado, temos feito várias denúncias junto de entidades e personalidades democráticas, mas o governador Confúcio Moura / PMDB e a presidente Dilma / Luiz Inácio / PT nada fazem para diminuir a concentração de terras nem para colocar fim à ação criminosa de policiais com os bandos de pistoleiros a mando de latifundiários, principalmente no Vale do Jamari. Qualquer outra violência que ocorrer na fazenda Fluminense será de responsabilidade do governador, da presidente e de seu assessor direto para questão agrária, Ouvidor Agrário Nacional Gercino José Filho.

Pedimos a todos movimentos, entidades e personalidades democráticas para pressionarem os responsáveis pelas Polícias Civil e Militar de Monte Negro e o delegado agrário estadual cobrando as buscas imediatas do camponês Lucas da Costa da Silva na fazenda Fluminense.

Histórico de violência de Jair Miotto contra camponeses em Monte Negro

Em 2012 camponeses ocuparam a Fazenda Fluminense, de cerca de 800 alqueires. As famílias cortaram as terras por conta, distribuíram os lotes entre si e iniciaram logo a produção. Por sofrerem vários ataques de pistoleiros a mando de Jair Miotto, como medida de segurança, os camponeses só trabalhavam em grupos. Na manhã do dia 28 de novembro de 2014, o camponês Luiz Carlos da Silva saiu sozinho para trabalhar e desde então desapareceu. A família do camponês tentou diversas vezes registrar a ocorrência policial do desaparecimento em Monte Negro, mas a polícia se recusou. A PM só iniciou as buscas depois que familiares denunciaram na imprensa e bloquearam a rodovia R0 421 por várias horas. Um parente de Luiz Carlos teve sua casa queimada, possivelmente como represália por ter participado destes protestos. Camponeses acompanharam policiais militares de Buritis no local do sequestro e seguiram pegadas que conduziam à sede da fazenda Fluminense.

Depois deste crime hediondo, muitas famílias abandonaram os lotes por medo, mas algumas persistiram. Em novembro de 2015, cerca de 30 camponeses, inclusive moradores antigos, retomaram as terras da fazenda Fluminense. No dia 12 de novembro de 2015, os acampados, inclusive mulheres e crianças, foram despejados por cerca de 15 policiais da PM e GOE – Grupamento de Operações Especiais, em 6 caminhonetes. O ex-prefeito Jair Miotto, esteve presente no despejo, afirmou ser uma pessoa pacífica mas ameaçou matar quem continuasse nas terras. Comenta-se na região que Jair Miotto é responsável por vários homicídios, inclusive o de Luiz Carlos.

Basta de ataques de pistoleiros e policiais a mando de latifundiários contra camponeses!

O camponês quer terra, não repressão!

Terra para quem nela vive e trabalha!

Fonte: LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

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