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Mulheres de assentamento em Candeias do Jamari (RO) terão abatedouro para galinha caipira


Mulheres de assentamento em Candeias do Jamari (RO) terão abatedouro para galinha caipira - Gente de Opinião

Um abatedouro para galinha caipira está em fase final de construção na zona rural de Candeias do Jamari (RO), a 60 quilômetros da capital, Porto Velho, para atender a uma cooperativa de mulheres do assentamento Flor do Amazonas. O grupo vem se especializando na criação de galinha caipira desde 2011, por meio de iniciativa do Incra, com o Crédito Apoio Mulher.

Com capacidade para abater de 100 a 500 aves por dia, o empreendimento receberá a produção das mulheres da Cooperativa de Agricultura Familiar Flor do Amazonas (Cooaffa), que também serão as gestoras do negócio. O investimento total é de R$ 1,93 milhão e a obra está prevista para ser entregue em fevereiro de 2016.

O recurso para a construção dos aviários vem da própria cooperativa, no valor de R$ 900 mil. O Incra, por meio do Programa Terra Sol, vai garantir R$ 400 mil para equipamentos e uniformes. A Santo Antônio Energia (SAE), com recursos de subcrédito social (Bndes), investirá R$ 630 mil para a construção da estrutura física. O projeto foi elaborado pela Fecomércio/RO e abrange a viabilidade do empreendimento, as obras civis, equipamentos, tratamento de resíduos e efluentes, plano de atendimento à legislação ambiental, normas sanitárias e fiscais.

No estudo da viabilidade do negócio foi observado que “a criação de frangos em Rondônia não possui foco profissional e orientado para fomento do mercado local em níveis expressivos”. Assim, o planejamento logístico do abatedouro se atentou para a proximidade dos aviários, do mercado consumidor, energia, água e aspectos sustentáveis, prevendo uma receita bruta anual mínima de R$ 600 mil e máxima de R$ 1,53 milhão, com o emprego de seis a 15 funcionários.

A assentada Maria Leonilda Matara, uma das líderes do empreendimento, que cedeu parte do lote para a construção, lembra que a ideia nasceu com a capacitação em criação de galinha caipira, realizada em 2011 pela equipe de assistência técnica e extensão rural (Ater) do Incra, por ocasião da concessão do Crédito Apoio Mulher pela instituição. Durante o curso, aprenderam sobre vacinação, manejo inicial das matrizes, definição das raças e linhagens, seleção e classificação de ovos, prática de abate, embalagem e comercialização. Hoje, Matara afirma aliviada: “Muita gente não acreditava, achava que era 'doidura' minha, mas com muita luta o abatedouro está aí”.

Segundo a engenheira responsável, Betânia Bacelar, o abatedouro tem potencial considerável para a escala da agroindústria e atende a todas as normas trabalhistas, sanitárias, de segurança e saúde, com projeto previamente aprovado pela Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron).

“O projeto segue aspectos sustentáveis, com tratamento no local de resíduos sólidos e efluentes, uso de energia solar, fabricação do próprio gelo, abate humanitário das aves, além de um tratamento especial da alimentação, com pastagem orgânica e qualidade nutricional agregada, e ainda previsão para instalações destinadas à fabricação de produtos não comestíveis”, explica.

“Este será o único frango caipira certificado de Rondônia e a cooperativa será referência em sustentabilidade na área no Norte do Brasil, tendo também outros valores agregados como a marca e a embalagem”, antecipa o consultor de Responsabilidade Social da SAE, frei Phillip Machado. O consultor conta que em 2011 a empresa foi informada da existência do projeto e do trabalho coletivo desenvolvido. “As mulheres do assentamento dominavam a tecnologia de produção, mas necessitavam de melhorias das condições de trabalho, produção e comercialização, e então foi decidido o apoio que, na verdade, é um investimento no desenvolvimento social e comunitário”.

Criação

A carne com sabor diferenciado, cor mais escura, textura firme e menor teor de gordura proporcionada pela galinha caipira requer cuidados especiais e deve atender a exigências específicas, diferentes da galinha caipira do passado.

Na Cooaffa foi realizada a análise de solo das trinta propriedades cooperadas para recomendação de adubação e formação de pastagens com nível de produção e valor nutricional adequado ao objetivo da criação. Assim, as aves possuem pasto específico que agrega valor nutricional à carne e não podem receber indutores de crescimento e ingredientes de origem animal na ração. A idade mínima de abate é 85 dias.

O projeto prevê a implantação de três aviários por cooperado com ciclo de engorda de 90 a 120 dias, resultando na comercialização de um lote por mês, o que vai assegurar um fluxo contínuo de renda para a família.

Terra Sol

O Programa Terra Sol é uma ação do Incra de fomento à agregação de valor à produção. Apoia a agroindustrialização e a comercialização por meio da elaboração de planos de negócios, pesquisa de mercado, consultorias, capacitação em viabilidade econômica e gestão de agroindústrias. Atividades não agrícolas, como turismo rural, artesanato e agroecologia, também são apoiadas.

A asseguradora do programa no Incra/RO, Joana Vergotti, explica que para o abatedouro da Cooaffa o Terra Sol está adquirindo, poe meio de licitação, os maquinários e instalações frigoríficas, totalizando 31 itens, entre móveis, utensílios, materiais diversos, uniformes e equipamento de proteção individual (EPIs). Os equipamentos serão destinados à Cooaffa mediante Termo de Permissão de Uso, por 24 meses, sendo doados ao final se cumpridos todos os requisitos legais.

De acordo com o superintendente do Incra em Rondônia, Luís Flávio Carvalho Ribeiro, a concretização do abatedouro será uma vitória importante para a agricultura familiar e a reforma agrária. "É uma demonstração de que os assentados com apoio institucional conseguem se profissionalizar, gerar renda familiar, qualidade de vida e alimento da melhor qualidade para a população", avalia.

Fonte: Ascom /  Incra/RO

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