Quarta-feira, 20 de janeiro de 2016 - 10h05
No último dia 18, a Polícia Militar de Confúcio Moura / PMDB despejou mais de 50 camponeses, inclusive mulheres e crianças, do Acampamento Nova Estrela. Ocupação espontânea, na fazenda Nicomar, latifúndio de 6.000 hectares, localizado na linha C-35, no município de Ariquemes. Cerca de 30 policiais da PM e do GOE de Ariquemes e Jaru, em 7 viaturas, bombeiros, oficial de justiça, conselheira tutelar, 1 ônibus e vários carros chegaram no acampamento pela manhã, mas não conseguiram cumprir plenamente a ordem judicial, que incluia conduzir todos os acampados para a delegacia para serem identificados, graças à resistência e organização das famílias que se negaram a ir para a delegacia.
Os acampados decidiram ir para as áreas de posseiros Canaã e Renato Nathan 2, vizinhas do acampamento, mas se negaram a ir no ônibus, temendo que a polícia não cumprisse o acordo e terminasse conduzindo-os para a delegacia. Camponeses de todas as idades, andaram 5 quilômetros a pé cantando canções de luta. As famílias receberam total apoio dos camponeses vizinhos que também lutam para conquistarem suas terras.
O despejo desrespeitou a determinação da própria PM de fazer uma reunião preparatória antes do despejo. Segundo denúncia dos acampados, os policiais fotografaram veículos que estavam próximo ao acampamento e apreenderam uma moto, queimaram os barracos enquanto riam e diziam que tinham vencido. Perguntaram pelos líderes, se tinha alguém da LCP, seguindo a política de perseguição, criminalização e desmoralização da luta pela terra, especialmente das lideranças – orientação geral do latifúndio, aplicada pelo novo comandante da PM de Rondônia, o major Ênedy Dias de Araújo, antigo inimigo dos camponeses e perseguidor confesso da LCP.
Um acampado,apontado como liderança, está sendo processado.
Em vídeos gravados pelos trabalhadores durante o despejo, pode-se ver um diálogo que evidencia a justeza da luta pela terra, a mais urgente de nosso país: “A partir do momento que vocês não cumpriram a ordem de desocupar em 15 dias estão cometendo um crime.”, disse o oficial de justiça. Rapidamente, uma camponesa respondeu: “Sabe por que? Estamos aqui para ganhar um pedaço de terra para a gente plantar. Você tem filho? Eles não vão comer capim, vão comer arroz, feijão, banana, abóbora, mandioca – o que os camponeses plantam. Fazendeiro não planta isso, ele planta capim e capim quem come é só boi, seu filho jamais vai viver só de carne.”
A LCP manifesta seu total apoio às famílias de camponeses do acampamento Nova Estrela e convoca a todos trabalhadores da cidade e do campo, pessoas, movimentos e entidades classistas e democráticos a conhecerem, divulgarem a apoiarem ativamente esta luta. O latifúndio é o que existe de mais atrasado, em todo o país, camponeses se levantam em luta pela terra e por um novo Brasil.
Lutar pela terra não é crime!
Terra para quem nela vive e trabalha!
Conquistar a terra, destruir o latifúndio!
Fonte: LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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