Terça-feira, 23 de julho de 2013 - 17h21
Nesta terça-feira (23) a adesão à paralisação dos funcionários do frigorífico JBS da Friboi de Vilhena, que tinha começado pelo setor de desossa, aumentou com a adesão de outros setores, interrompendo a produção em toda empresa. Pela manhã uma comissão de onze trabalhadores de todos os setores e representantes do Sindicato da categoria negociou com a empresa as condições de um pré-acordo para suspensão da paralisação por 30 dias, para permitir a negociação da pauta de reivindicação. A Central Única dos Trabalhadores ((CUT) e sindicatos filiados estiveram o tempo todo dando apoio e orientação aos trabalhadores, apesar de terem sidos impedidos pelo JBS de acompanharem as negociações.
Após as primeiras tratativas, em que a empresa concordou em cancelar a medida de obrigar o trabalho aos sábados e se propôs a negociar as reivindicações em 30 dias, o Sindicato orientou o retorno ao trabalho. Porém a CUT, por trás dos portões, orientou os trabalhadores que exigissem os compromissos formalizados em uma ata assinada; bem como, que constasse no documento que os membros da comissão de negociação não fossem demitidos e que não houvesse retaliação nem desconto dos dois dias de paralisação. Depois de muito impasse, finalmente a ata foi apresentada aos trabalhadores, contemplando as recomendações da CUT e foi aprovada a suspensão da greve. Como já estava tarde, administração do frigorífico dispensou todos os funcionários; sendo que nesta quarta-feira (24) os trabalhos retornarão à normalidade.
Dentre os principais pontos do pré-acordo registrado em ata destacam-se as reivindicações sobre a “alteração da jornada de trabalho” para aos sábado feita no dia 17/07/2013; reajuste salarial, vale alimentação; foi destacado que a “JBS não vem fornecendo horário de almoço de pelo menos uma hora para alguns setores”; e que o sistema de “registros de freqüência não emitem comprovante”. Consta, ainda, a decisão da JBS de aceitar “retorno da jornada de trabalho da forma praticada” anteriormente; bem como, que não se “efetue qualquer desconto ou imponha qualquer penalidade de qualquer gênero aos trabalhadores envolvidos na paralisação e em especial aos membros da comissão de representantes; sendo que “a empresa adotará postura com se nada tivesse ocorrido nesta data”.
Durante a concentração ocorrida hoje de manhã no pátio houve muitas dúvidas dos trabalhadores sobre a representatividade do sindicato da categoria, o SINTRA-INTRA, cuja diretoria esteve afastada por longo tempo por decisão da Justiça do Trabalho, que tinha colocado a entidade sobre intervenção, sendo que no último dia 14 de junho uma Sentença destituiu o presidente e retornou o restante da diretoria; tudo isso em função de acordos lesivos aos trabalhadores e que beneficiavam as empresas, como a JBS. Embora esteja legalmente respaldada, a diretoria ainda carece de credibilidade junto à categoria. Os trabalhadores ficaram indignados, também, com a postura do presidente do SINTRA-INTRA, que se recusou a reunir com os grevistas para informar o resultado das negociações, encarregando o advogado da entidade para fazer o papel de sindicalista.
Na avaliação do presidente da CUT, Itamar Ferreira, que foi à Vilhena especialmente para acompanhar como observador a mobilização dos trabalhadores do JBS, o resultado da paralisação foi muito positivo, tanto por ter revertido o trabalho aos sábados e garantido não punição, quanto pelo fato de estabelecer um procedimento de negociação que é inédito no frigorífico, que é um processo feito pelo sindicato, mas com a participação de representantes escolhidos pelos próprios trabalhadores; além de ficar estabelecido que o resultado das negociações que ocorrerão nos próximos trinta dias deverá ser submetido numa assembléia da categoria, que dará a palavra final sobre a aceitação ou retomada da paralisação.
Fonte: CUT
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