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A Banda Versalle brilhou. E daí?


 A Banda Versalle brilhou. E daí? - Gente de Opinião

Professor Nazareno*

Não gosto de Rock e muito menos “conheço quem conhecia” essa Banda Versalle de Porto Velho, sensação e finalista do Reality Show Superstar apresentado na Rede Globo, que operou o milagre de transformar “do nada” desconhecidos jovens em cantores de renome. Virou modismo afirmar ser fã de uma banda cujo nome poucas pessoas sabem o significado. Deste momento em diante, pasmem, Rondônia e Porto Velho, que nunca foram “terra de nada”, viraram de uma hora para outra a “terra do Rock”. Mas talvez por pouco tempo, como fogo de palha. “Quer dizer que lá em Roraima e em sua capital Rio Branco, as crianças ganham guitarras de presente assim que nascem?”, devem perguntar atônitas muitas pessoas do Sul do país. “O sonho de todo menino ‘no Norte’ deve ser querer ser roqueiro”, acham outras, ainda perplexas.

Mas não sejamos injustos: os rapazes até que têm talento. Consegui ouvir por inteiro uma de suas músicas. “Vinte graus e um cobertor”, foi a que mais me chamou a  atenção. Com um único erro de gramática normativa e 14 versos pobres distribuídos por três estrofes, não se pode dizer que é uma música daquelas que marcarão época. Mas o título deve ter empolgado os jurados, que provavelmente ficaram curiosos com o fato de se usar cobertor sob um calor horroroso de vinte graus. Rock nunca fez parte da cultura de Porto Velho nem de Rondônia, todos sabemos, mas a incrível performance desta banda até que nos trouxe, não sei por que, um certo alívio na alma. Acostumados com poeira e fumaça sufocantes no verão, lama podre no inverno, sujeira, carniça no meio das ruas, roubos e corrupção sem fim na política, parece que chegou a nossa vez de rir.

E coisas estranhas andam mesmo acontecendo por aqui ultimamente. A licença domaior teatro sem alvará do país finalmente foi liberada. Assim, os russos e outras companhias de dança do mundo já podem apresentar sua arte sem que tenhamos de assistir a eles sentados em duras e desconfortáveis cadeiras de plásticos e sem direito sequer de ver os pés dos bailarinos. O Arraial Flor do Maracujá, pelo menos neste ano de 2015, parece que teve patrocínio oficial com local e data definidos. A rondoniense e boa Orquestra Villa Lobos já consegue fazer magníficas apresentações, ainda que gratuitas infelizmente, no novo teatro. Porém, o mais inusitado para nós é saber que os muitos políticos daqui estão mais comportados e parece que não querem mais roubar o Erário. Estamos já há seis meses sem escândalos na política. Isto, sim, um milagre!

Esse inesperado brilho da Banda Versalhe é um daqueles acontecimentos que não vão acrescentar nada em nossas vidas e nem subtrair. É mais ou menos como o Genus ter sido campeão de futebol em Rondônia este ano e ter trazido para a capital a supremacia do futebol estadual depois de “não sei quanto tempo”. O Flor do Maracujá, por exemplo, é o maior “arraial sem santo do Norte do país”. A Banda do Vai Quem Quer é o maior bloco de foliões de toda a Amazônia. E daí, qual a vantagem nisso? A Versalle ficou conhecida nacionalmente, mas não terá público local que a sustente e por isso será sempre “do Norte”. Sem patrocínio e só dependendo daqui, corre o risco de desaparecer. Já ouvi muitos perguntarem: por que ela não se apresenta de graça em Porto Velho? É bom vibrar com a Versalle, pois nos fará esquecer os viadutos, o Espaço Alternativo, a ponte escura, o Nazif e tantas outras mazelas sociais. E chega de Boi, né?

*É Professor em Porto Velho.

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