Terça-feira, 27 de junho de 2017 - 05h08
Uma determinada ocasião, ainda no ano de 1995, li matéria em revista
brasileira (creio ter sido a Isto É), cujo foco era mostrar o nível de
corrupção do nosso povo.
A matéria enfatizava que nas empresas, organizações, instituições, o
roubo é prática generalizada e ocorre com todos, isto é, desde o
office boy até os diretores e patrões.
Li inclusive, entre aflito e atônito, que gerentes de instituições
financeiras recebiam aulas/cursos para aprender formas de surrupiar
dinheiro das contas de seus clientes, através da criação de códigos
diversos. Tais gerentes tinham na ponta da língua explicações mais ou
menos convincentes, caso o correntista se manifestasse com queixas
sobre seu saldo.
Como normalmente eram valores pequenos, (tipo cem a quinhentos reais),
e realizavam estas operações duas a três vezes por mês, com clientes
cuja conta era bem "gorda", o correntista dificilmente reclamava.
E o banqueiro lucrava uma barbaridade (hoje mais que nunca), e vez por
outra premiava seu gerente com um jantar elegante com "mimo" próximo a
R$1,99. Uma beleza!
Hoje mais que nunca, sei que estão saqueando este país de forma
absurda, e entendo que se não houver a participação efetiva de
cidadãos de bem, não conseguiremos mudar este quadro caótico de
roubalheira generalizada de bens públicos, em todas as esferas de
poder.
É deprimente (para dizer o mínimo), aquilatar que a corrupção é REGRA
nos negócios entre governo e empresas. Todos (quase sem exceção),
querem levar vantagem em tudo e isto se tornou um hábito que somente a
consolidação de princípios éticos pode paralisar e defenestrar.
Como pode os irmãos Batista da JBS estar em liberdade? Isso, para mim,
é uma bofetada na face de cada pessoa decente...
Ouço atordoado nossos políticos falarem de um jeito, e agirem no
sentido diametralmente oposto ao que propalam. É incoerente, ilógico e
insano! É surreal!
Nossa tributação é um horror... Uma pérfida política contra as pessoas
de baixa renda, e fala-se muito e não acontece nada... Percebe-se
vontade do governo federal de mudar este quadro absurdo mas na
prática, os impostos continuam comendo o pouco dos muito pobres...
Necessitamos reformas urgentes que permitam direcionar dinheiro grosso
para nossa infraestrutura que está capenga porque o dinheiro
arrecadado se esgota no pagamento dos juros da dívida pública e no
pagamento dos funcionários públicos... Estes, eternamente
insatisfeitos...
A reforma previdenciária sangra nossos cofres... A reforma trabalhista
massacra nossas empresas e comprometendo a vida de milhões de
trabalhadores, e nossos políticos sem visão queixam-se da crise
mundial, da desaceleração chinesa, da valorização do dólar, e tantas
outras cretinices... Sem se dar conta de suas letargias... De suas
incompetências...
Nós precisamos uma reforma fiscal que defina o volume de arrecadação
necessária para os gastos do governo, e uma reforma tributária que
defina a forma de arrecadação para atender o programa fiscal. Mas os
políticos batem cabeça, preocupam-se na defesa do que lhes interessa,
e são notórios nefelibáticos que não entendem o óbvio: O Brasil
precisa crescer sem temer a concorrência de produtos estrangeiros e
sem temer a taxa de câmbio com qualquer moeda em relação a nossa
moeda.
Competentes se estabelecem... Os outros morrem à míngua!
Sem acabarmos com a cleptocracia e a corrupção endêmica que grassa
soberba e altiva na mente de nossos políticos, o dinheiro nunca
chegará a quem de fato precisa. Nunca chegaremos a uma distribuição de
renda adequada que possa garantir paz social... Esta paz social tão
inutilmente perseguida...
É preciso agir como a rainha Ester (Antigo Testamento), isto é, o
governo precisa fazer o que tem que ser feito. Sem medo e sem vacilos
periclitantes.
E, acabei de ouvir que Sergio Moro condenou Palocci a 12 anos de
cadeia... Ora, a arte de roubar precisa ser premiada com prisão... E
as delações devem apenas abrandar um pouquinho a pena destes
calhordas... Caso contrário transgredir pode ser muito lucrativo...
Pau que bate em Chico, precisa bater também em Francisco...
João Antônio Pagliosa
Curitiba, 26 de junho de 2017
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