Segunda-feira, 7 de janeiro de 2008 - 13h09
A cultura surge das relações que os homens travam entre si e com o meio em que vivem, em busca da própria sobrevivência. É um produto do trabalho do homem e de tal forma inerente à sua vida, que podemos afirmar que não existe ser humano sem cultura, bem como que todo ser humano é produto de sua cultura. Em outras palavras, o homem é produto e produtor da cultura.
A cultura compreende os bens materiais, de um modo geral, como utensílios, ferramentas, moradias, meios de transporte, comunicação e outros. E também os bens não - materiais, como as reprensantações simbólicas, os conhecimentos, as crenças e os sistemas de valores, isto é, o conjunto de normas que orientam a vida em sociedade.
A produção cultural do homem é um documento vivo da história da humanidade. Desde a pré - história até os nossos dias o homem faz cultura, manifestando, através dela, o seu conhecimento e a sua visão de mundo. Por exemplo, a figura de um bisonte pintada na Gruta de Niaux (França), no período pré - histórico, é uma manifestação cultural, tanto quanto a famosa Torre Eiffel ou os aviões supersônicos Mirage.
Assim sendo, podemos concluir que a celebridade das reformas sociais vai depender do acesso a essas novas tecnologias, o que torna falsa a idéia de que haveria culturas superiores e culturas inferiores. A única constatação correta é a de que elas são diferentes entre si
Toda cultura é suficiente para os fins a que se propõe, embora eventualmente com questões ainda não resolvidas. Por exemplo, ao pensarmos na nossa medicina, ficamos deslumbrados com os seus últimos avanços, ao mesmo em que damos conta de que temos também, questões de saúde não solucionadas. O mesmo se verifica na cultura indígena - possui práticas medicinais suficientes para resolver os seus problemas de saúde, porém, como nós, também depara com doenças que não consegue curar.
Comparando esses dois universos distintos - a medicina indígena e a nossa, podemos concluir que não há nada que nos autorize a considerar a superioridade de uma cultura sobre a outra.
A difusão de certos aspectos da cultura norte - americana é um fato incontestável do nosso tempo. Vivemos no Brasil cercados de vídeos-cassetes e vídeos games, comemos hot-dog e hambúrgueres, tomamos Coca-Cola, escutamos jazz e rock, vestimos jeans e os jovens praticam skate e surf. Os comportamentos sociais adotados pelos jovens atravessaram front eiras e aqui se estabeleceram com os nomes de origem, desde a juventude transviada dos anos 50, passando pelos hippies e chegando aos punks, discotecs, dances, entre tantos outros.
Como já dissemos, a influência estrangeira se tornaria mais acentuada a partir do governo JK, que visava realizar a substituição de importação nos setores de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos e utensílios diversos) com a instalação do capital estrangeiro (multinacionais) no país. Essa política econômica empreendida pelo governo brasileiro, dando ênfase à industrialização e a modernização do país, ficou conhecida como desenvolvimentismo. Eram os cinqüenta anos em cinco, estipulado pelo Plano de Metas do presidente Juscelino.
O início da década de 50 foi fortemente marcado pela presença do samba - canção, embora ele tenha surgido efetivamente na década de 40 (com Ave Maria no Morro, de Herivelto Martins, em 1942), foi só nos anos 50 que esse estilo musical atingiu sua força total - a partir de Vingança, de Lupiscínio Rodrigues, em 1951. Com intérpretes como Adelino Moreira, Jair A morim, Evaldo Gouveia, Nelson Gonçalves, Jamelão, Cauby Peixoto e a musa do Samba-canção, Maysa, entre tantos, esse gênero alcança sua época de glória.
Com a Bossa - Nova iniciou-se uma nova etapa na música popular brasileira, que iria satisfazer um público mais jovem, em sua maioria universitário, das classes médias urbanas. Congregando um certo número de cantores e instrumentistas muito talentosos, cuja identidade residia na forma intimista de cantar e tocar os instrumentos, os bossa novistas foram se multiplicando. Músicos e compositores como, João Gilberto, Roberto Menescal, Jonny Alf, Carlos Lira, Jobim, Chico, Vinicius, Silvia Teles, Nara, e tantos, foram os principais responsáveis pelo início de todo o movimento. Em 1958 é gravado o primeiro disco de bossa Nova - Chega de Saudade, pro João Gilberto. Ainda nesse mesmo ano surge uma música muito expressiva -. Desafinado de Tom Jobim e Newton Mendonça, que realmente marca o início da Bossa Nova, pelos jovens artistas brasileiros.
Carlinhos Maracanã.
Agitador Cultural.
Fonte: Movimentos Culturais da Juventude.(Antônio Carlos Brandão. Milton Fernandes Duarte). Editora Moderna. 1990
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