Terça-feira, 26 de fevereiro de 2019 - 14h00
Por uma dessas boas coincidências da vida, que também acontecem, na semana passada fui convidado a participar de três eventos que discutiram o futuro da democracia no Brasil e no mundo, diante das crescentes ameaças autoritárias do neopopulismo e do neofascismo.
Bobbio, que viveu de 1909 a 2004, foi citado por vários palestrantes tanto na criação da Comissão Arns, em defesa dos direitos humanos, como no debate da “República do Futuro”, moderado por Octavio de Barros, e no encontro dos Jornalistas pela Democracia com leitores e assinantes do portal 247.
Alguém lembrou de uma das frases célebres do filósofo político italiano, que no início deste século escreveu sobre o fim de uma era, a dos direitos fundamentais, e o surgimento de uma outra, que ainda não começou, e ninguém sabe como será.
Neste interregno, observou ele, vive-se o tempo dos monstros, antes que o mundo volte a se reorganizar em torno de outros princípios e doutrinas.
Aconteça o que acontecer, nossa tarefa é continuar lutando pela diminuição das desigualdades sociais, a grande chaga da humanidade que se alastra neste século XXI, e nada tem de natural.
O abismo entre ricos e pobres só faz crescer por toda parte com meia duzia de conglomerados bilionários reunindo riquezas maiores que boa parte das nações subdesenvolvidas
É em torno desta questão da desigualdade a separar direita e esquerda que milhares de e organizações sociais se mobilizam neste momento em todo o mundo em defesa do nosso planetinha.
Mas estas iniciativas ainda não conseguiram encontrar uma nova fórmula para substituir as antigas estruturas partidárias e instituições de representação, tal como aconteceu entre as duas Grandes Guerras Mundiais.
Diante deste quadro de incertezas sobre o futuro da humanidade, amplificado pela revolução tecnológica e digital, bem retratado nos encontros da semana passada, para mim o mais importante foi simplesmente isso: as pessoas voltarem a se encontrar para discutir problemas comuns com o retrocesso civilizatório dos últimos anos, que varreu o mundo dos Estados Unidos à Hungria, passando pelo Reino Unido e Itália, até chegar ao Brasil e à América Latina.
No lançamento da Comissão Arns, quarta-feira passada, na superlotada sala dos estudantes da Faculdade de Direito da USP, misturaram-se velhos combates das campanhas pela redemocratização do país no século passado com jovens em busca de uma bandeira para dar sentido à vida.
Saíram de lá sem propostas concretas a curto prazo, fora o compromisso de denunciar os atentados contra os direitos humanos já em curso, mas todos felizes por celebrarem juntos um primeiro passo em defesa das conquistas sociais e políticas das últimas décadas.
A unir épocas e gerações, ali estava a incansável ativista Margarida Genevois, prestes a completar 97 anos, ela que por muitos anos comandou a Comissão de Justiça e Paz, nomeada presidente de honra da comissão, assim denominada em homenagem a dom Paulo Evaristo Arns, um dos grandes líderes da resistência à ditadura militar.
Foi exatamente por isso que, no dia seguinte, a socióloga Chantal Barata, diretora da Republique de Demain na França, surpreendeu com seu otimismo a platéia reunida no restaurante Buttina, em Pinheiros.
Para ela, é nestes momentos de crise profunda das instituições democráticas que as pessoas se sentem mais obrigadas a criar novas formas de sobrevivência da civilização, unindo-se em torno de causas comuns, da defesa do meio ambiente à garantia dos direitos fundamentais e de um mundo menos desigual.
Resgatar os movimentos de resistência contra o arbítrio também alimentou as discussões na Casa do Saber, onde se encontraram no sábado os Jornalistas pela Democracia do portal 247 com seus leitores e assinantes num debate que durou o dia inteiro.
Quando os caminhos se fecham para cada um de nós, é preciso encontrar saídas coletivas. Ninguém vai se salvar sozinho.
E solidariedade é a palavra chave nessas horas difíceis.
A História é feita de ciclos, como as marés e as estações.
Um dia os velhos monstros voltam para seus mocós e vão dar lugar a novas lideranças, com novas ideias, para a construção das repúblicas do amanhã.
Vida que segue.
Por Ricardo Kotscho
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