Quarta-feira, 4 de outubro de 2017 - 06h30
Heródoto Barbeiro, âncora do Jornal da Record News
e professor emérito da ESPM
Por enquanto ela é vice. Mas está no calcanhar da primeira colocada. Qual o primeiro gesto que uma pessoa faz quando quer saber de uma notícia? Ligar a tevê ? Ligar o rádio? Parar em uma banca de jornal ?Ou pegar o celular no bolso ou na bolsa? A televisão ainda lidera a preferência para se informar e em segundo lugar vem a internet. Mais de 91 por cento dos internautas acessam informação pelo celular. A mobilidade disponível, o alcance global, a miríade de fontes noticiosas criou um verdadeiro oceano de informações à disposição de quem pode pagar. E de quem não pode também. Há muita coisa grátis, uma vez que anexar mais um internauta na rede tem um custo próximo de zero. O panfleto, o auto falante, o carro de som, o trio elétrico foram atropelados por um pequeno gadget. Só no Brasil existem uns 298 milhões, uma boa parte plugados na internet. Ninguém esquece da frase do Umberto Eco, que a internet deu voz aos idiotas. Talvez ele não tivesse noção real das mudanças com os cidadãos com acesso a emissão do que julgam o que querem divulgar. Poderia valer também para dizer que a imprensa do Gutenberg deu acesso aos livros aos idiótas ?
De receptor a emissor de mensagens. Milhões de pessoas têm o acesso a um equipamento que emite informações e que são estocadas em muitas plataformas. A maior parte delas abertas e aparentemente grátis. Algumas são pequenas e se resumem a um grupo de amigos ligados através do what´s app. Compartilhar virou sinônimo de informar. Mas essas informações são confiáveis? Muitas não são. Divulgar notícias falsas é tão antigo como a história da humanidade e há inúmeros exemplos nos livros antigos. Reis e faraós, imperadores e senhores feudais, clérigos e sacerdotes difundiram informações falsas nas plataformas que dispunham no momento. Ou a fala, ou o papiro, ou o cuneiforme... Não seria diferente com o acesso às redes sociais. Em todos os tempos os emissores de informações falsas usavam se apropriavam de linguagens ou oficiais ou jornalísticas para difundir suas mentiras. Davam e dão maior credibilidade. Com a tecnologia à disposição é possível imitar com perfeição a voz de outra pessoa e reforçar a pseudo veracidade do conteúdo.
A primeira vítima de um guerra é a verdade. Essa afirmação foi constatada ao longo da história. Por isso as fontes precisam ser checadas e avaliadas. Notícias inverídicas circulam com muito mais velocidade e cavalgam nos bits e bytes. Por isso requer uma apuração mais apurada de quem cuida dos chapéus de credibilidade, empresas, blogs, espaços internéticos, mídia independente e tudo o mais que pode carregar informação. Ninguém mais precisa ficar refém da mídia tradicional. Bem-vindo ao mundo onde não se pode mais impedir a circulação de notícia, mesmo nos países onde a censura chega aos servidores digitais. Há uma luta clara entre o jornalismo empresarial, que busca resultados e o sem fim lucrativo. Aparentemente é uma luta desproporcional, mas ainda é possível optar por alguma coisa paga se ela estiver carregada de credibilidade, interesse público, ineditismo e estar claramente perseguindo a isenção. Há espaço para todos os temas e visões de mundo. Um ambiente como esse não alimenta idiotas, pelo contrário desenvolve espírito crítico e a cidadania.
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