Quarta-feira, 21 de dezembro de 2011 - 19h14
Diogo Tobias Filho*
José Batista já é um velho conhecido do funcionalismo público rondoniense. Em janeiro de 2000 era o comandante-chefe da Secretaria de Administração do nefasto governo Bianco. Do seu banco de dados saiu a lista negra com os nomes de professores, técnicos, policiais, profissionais da área administrativa, médicos, enfim, quase dez mil pessoas demitidas indiscriminadamente, catapultados para rua da amargura. Uma atitude politicamente incorreta que deveria no mínimo ter proscrito José Bianco e sua comitiva de assessores da vida pública.
Se o problema era o excesso de funcionários que impedia o governo de deslanchar, a teoria não confirmou a prática porque José Bianc foi apenas mais um do reino da mediocridade, sem nada de extraordinário nas áreas estratégicas como saúde, educação e segurança pública, assim como medíocres também eram seus antecessores, Pianna e Raupp e o seu sucessor, Ivo Cassol, que aliás preferiu até cuidar melhor de boi do que do povo.
Mas o eleitor tem mesmo memória curta e graças a esta lamentável característica, José Bianco voltou. Isso aconteceu porque a maioria da população de Ji-Paraná resolveu resgatá-lo politicamente, dando-lhe dois mandatos de prefeito. Com ele, ressurgiu a controversa figura do José Batista, logo empregado às custas do contribuinte municipal em cargo e primeiro escalão. Com a vitória de Confúcio Moura, José migrou recentemente da secretaria de saúde municipal para ser o adjunto da saúde.
De repente, grata surpresa, o carrasco dos demitidos de 2000, um dos homens que provocou a depressão, o desespero, a ignomínia, e em certos casos até a morte de ex-funcionários, apareceu recentemente envolvido num dos maiores desvios de verbas públicas, juntamente com uma quadrilha chefiada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Valter Araújo. Depois da operação Termópilas, José, quem diria, está mais do que demitido, está preso, acusado de corrupção e pelas evidências apresentadas pela mídia, já se pode considerá-lo mesmo um corrupto.
Entretanto, como a roubalheira era imensa, será difícil dizer se José Batista está deprimido como os demitidos de 2000 ou se conseguiu amealhar seu pé-de-meia sugando nas tetas do propinoduto estadual, o que lhe daria folga após a tormenta. E os demitidos? O que acharam do triste fim do seu algoz? Isso no mínimo merecia a reorganização daquela épica passeata de 2000, quando ao respingar de lágrimas e cassetetes, os ex-funcionários expuseram sua indignação mediante a exclusão em massa decidida por alguns funcionários temporários, todos bem empregados com bons salários, entre eles, os dois Josés, Bianco e Batista. Desta vez, a passeata pediria punição aos culpados.
Não acredito que Termópilas será apenas mais um caso entre tantos outros estarrecedores que não tiveram finais satisfatórios. Parece-me que, além das leis dos homens, existe realmente a lei do retorno, ou seja, tudo de mal que você faz ao seu semelhante voltará em dobro. Por esta ótica, talvez o castigo de Batista ainda não seja justo. Seria necessário que, além de todo dinheiro amealhado ilicitamente fosse devolvido aos cofres público, José Batista saísse sem lenço e sem documento pra sentir na pele o que é sobreviver sem trabalho, sem dinheiro para pagar as contas no final do mês, sem poder comprar uma mísera cesta básica, um pão para alimentar os filhos no café-da-manhã e sucedâneos. Esta seria uma expiação justa.
O povo rondoniano tem também outra marca registrada. A tudo perdoa, seguindo os bons costumes cristãos. Mesmo que tenha que entrar em longas filas de hospital, deitar seus enfermos em macas improvisadas pelo chão dos hospitais, não ter acesso aos medicamentos a não ser que tenha dinheiro no bolso e outras agruras mais. Todavia não é pecado perguntar a quem provocou tanto sofrimento e desemprego no funcionalismo, atualmente, enjaulado e demitido: e agora José?
*O autor é ex-professor de filosofia – E-mail:digtobfilho2012@hotmail.com
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