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A quem interessa quebrar as empresas? Por Leonardo Attuch


Abatida pela Operação Carne Fraca 2, a Brasil Foods, uma das maiores empresas nacionais, fruto da associação entre Sadia e Perdigão, duas das marcas mais respeitadas pelos consumidores brasileiros, foi a bola da vez no alucinante processo de destruição de riquezas que tem sido consequência da hipertrofia judicial no País. Num único dia, as ações da companhia perderam 20% de seu valor. Ou seja: um quinto de um trabalho construído por milhares de trabalhadores, ao longo de oitenta, anos, simplesmente evaporou. Um dia depois, as exportações de três frigoríficos da empresa para mercados da Ásia, da União Europeia e para Israel foram suspensas. O motivo: as suspeitas levantadas por uma funcionária numa ação trabalhista, que acabaram motivando uma espalhafatosa operação policial decidida em primeira instância.

Depois dessa operação, a BRF se soma a várias outras grandes multinacionais brasileiras que vêm sendo varridas em investigações sobre corrupção. Basta citar Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa, JBS e a própria Embraer, que está prestes

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a ser vendida para a Boeing, depois de também ter sido acusada de pagar propina para vender aviões na AOmérica Central. Será que tudo isso acontece por acaso? Será que o mais intenso ataque à burguesia nacional, que conta com o apoio operacional de instituições do próprio País, não acaba servindo – intencionalmente ou não – a interesses internacionais?

No caso da BRF, a primeira questão a se colocar é simples? Consumidores da China, da França, da Alemanha e de outros países que importam produtos da Sadia e da Perdigão comerão menos carne de frango? Provavelmente, não. E quem se beneficia? Hoje, o Brasil é o maior exportador do mundo, com vendas anuais da ordem de US$ 6,3 bilhões. Depois do Brasil, quem aparece? Estados Unidos, com exportações de US$ 3,5 bilhões, e Holanda, com vendas anuais de US$ 2,5 bilhões. Ou seja: como diria Tim Maia, um nasce pra sofrer, enquanto o outro ri.

Se isso não bastasse, executivos da empresa, incluindo um ex-presidente, foram presos porque a Justiça buscou uma forma de driblar decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de proibir conduções coercitivas – que, na prática, são prisões para ouvir investigados. Como o STF disciplinou a questão, a resposta do Judiciário empoderado foi decretar prisões temporárias, com a única finalidade de se obter depoimentos. Ou seja, um juizado de primeira instância decidiu aplicar o drible da vaca no STF.

Diante de tanta destruição de empregos e riquezas, a questão que fica pairando no ar é muito simples: até quando a burguesia nacional vai assistir impassível à sua própria destruição? Ou será que vamos todos nós nos conformar em sermos vendidos a fundos americanos ou estatais chinesas? Coincidência ou não, a BRF já é vista como presa fácil para uma eventual venda.

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