Quarta-feira, 6 de junho de 2018 - 15h01
O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros deu nesta segunda-feira uma brilhante demonstração de sinceridade sobre como o projeto golpista da aliança do PSDB com o PMDB naufragou em seus dois principais objetivos: o econômico e o político-eleitoral.
Doutor em Economia pela Unicamp, Mendonção é um quadro de ouro do PSDB, conhecido desde a época da presidência do BNDES durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Em abril de 1998, com a morte de Sérgio Motta, foi nomeado ministro das Comunicações, para finalizar a privatização das empresas de telecomunicações, que entrou para história como a Privataria Tucana. Mendonça de Barros, portanto, tem legitimidade para falar o que pensa.
Na entrevista que concedeu ao Valor Econômico, da Globo, com alguns trechos reproduzidos pelo 247, Mendonça dispara munição de grosso calibre contra a política econômica do governo. Diz que o PIB brasileiro pode crescer no máximo 2%, culpa o Banco Central por não ter reduzido a taxa Selic mais rapidamente e condena o ex-ministro Henrique Meirelles por ter reduzido a oferta de crédito.
Praticamente pediu a reedição da receita utilizada nos dois governos Lula. Senão vejamos: quando assumiu em 2003, Lula herdou uma taxa Selic de 26,5% e entregou para Dilma Rousseff um governo com Selic a 10,25%, o que é maior do que a praticada atualmente, 6,5%, mas claramente em outra conjuntura, de emprego pleno e franco desenvolvimento. A oferta de crédito livre direcionado por pessoa física e jurídica cresceu de 26% em 2002 para 45,25% do PIB em 2010. Nos dois governos Lula, o PIB brasileiro cresceu em média 4,1% ao ano.
Voltando a Mendonça de Barros, ele também não poupou críticas à política executada na Petrobras pelo seu ex-colega de governo e correligionário tucano, Pedro Parente, que levou 1,2 milhão de famílias a cozinhar com carvão e lenha. Chamou de "irresponsável" a política de reajustes diários dos combustíveis, indexados ao preço do petróleo, que vive momento de crescente alta. "Eles tinham que ter noção do que estavam fazendo", diz o tucano sobre a política de Parente.
Mendonça defendeu que a Petrobras fizesse reajustes mais espaçados nos preços dos combustíveis, com uma "média móvel". Ou seja, mais ou menos como fez o ex-presidente Lula, que durante os oito anos de governo a gasolina subiu de cerca de R$ 2,30 para R$ 2,59.
No âmbito político, o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros também atestou, em tom fúnebre, que a aliança espúria firmada entre o PSDB, que não aceitou a quarta derrota consecutiva nas eleições de 2010, com o PMDB, que precisava de alguém que "estancasse a sangria" num grande acordo "com o Supremo com tudo", foi um fracasso colossal. O candidato a presidente do seu partido, Geraldo Alckmin, tem muito poucas chances, reconhece ele, "não consegue falar com a população".
Em resumo, o desalento do intelectual tucano: "O governo se enfraqueceu demais e, ao enfraquecer o governo Temer, enfraqueceu todo o discurso da centro-direita. (...) Porque a pior coisa que tem é uma expectativa de melhora - foi feito todo um discurso e de repente vem pior. (...) Acho que hoje há 60% de chance de a esquerda ganhar."
A sinceridade neste nível, expressa por um intelectual de alta monta, tucano legítimo, e reflexivo da ideologia liberal do porte Luiz Carlos Mendonça de Barros é a prova inequívoca do erro cometido pelas forças de direita, de embarcar num processo de impeachment fraudulento, que tinha como projeto prioritário barrar as investigações de corrupção, mas também para implantar uma agenda rejeitada democraticamente nas urnas. Isto é, a perda da soberania nacional, entrega das riquezas do País, retirada de direitos dos trabalhadores e a redução do estado.
Desoladamente, Mendonção reconheceu que o PSDB afundou em sua própria ganância ao se desviar do caminho da democracia.
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