Quarta-feira, 13 de julho de 2016 - 14h20
Adeus, professor Teixeira.
Em nossa lembrança, a sua vontade de voltar.
LUIZ LEITE DE OLIVEIRA (*)
O professor e advogado Francisco Teixeira, caboclo de Calama, nos deixou. Entristece-nos a sua partida. Nós, da Associação de Preservação do Patrimônio Histórico do Estado de Rondônia (Amma) também estamos de luto.
Porto Velho e Rondônia perdem mais um homem de bem, um cidadão cristão, cumpridor de seus deveres, amigo do meio ambiente e do patrimônio histórico.
Teixeira teve uma vida dedicada ao próximo e ao bem comum. Desde os anos 1960 abraçou gloriosamente a causa dos esportes, notadamente o atletismo e o futebol.
Presidiu a Federação Rondoniense de Desportos, destacou-se no Copão da Amazônia. Nos tempos do extinto Território-Federal de Rondônia foi também dirigente do Patronato Agrícola de Menores Osvaldo Souza (Pamos), na BR-364, que amparava meninos de famílias sem recursos, alguns abandonados, todos eles encaminhados ao mercado de trabalho.
Seu adeus nos apanha de surpresa. No seu último natal em Porto Velho, em 2015, o professor fazia planos de retornar à terra, quando encerrasse a sua missão em Brasília.
Surpreendidos, sim. Na semana passada conversávamos a respeito de pessoas e de fatos que compartilhávamos há algum tempo.
Sempre empolgado com causas nobres e solidário a questões individuais de quem o procurava, na capital federal, ele estava sempre disposto a atender rondonienses. Persistiam, assim, a sua boa vontade e o sentimento de representante popular que o caracterizavam desde a sua participação na Câmara Municipal.
Lecionou inglês nas escolas da rede pública do velho Território Federal, antes de ingressar na vida pública. Encorajado pelo pai, antigo militante do MDB, candidatou-se a vereador nas primeiras eleições para o cargo em Rondônia, destacando-se entre os nove eleitos para a 1ª Legislatura da Câmara Municipal de Porto Velho.
Não se reelegendo, filiou-se à Arena [partido do governo] a convite do diretório daquela agremiação e ainda tentou eleger-se deputado federal em 1977. Na sequência, abandonou a política e se entregou à prática fiel do bem que já lhe era peculiar.
Alguns anos atrás, Arquidiocese de Brasília confiou-lhe missões e noutras ele se engajou, por conta própria e pelo fervor que sempre manteve desde os tempos do Colégio Dom Bosco, em Porto Velho, no qual estudou trazido pelo então Bispo dom João Batista Costa.
Filho de pai seringueiro, agricultor e depois servidor público, e de mãe dedicada aos cuidados da casa e da criação de seus dez filhos, antes de vir para Porto Velho Teixeira morou ainda em Prosperidade e Cujubim Grande.
Na capital federal dedicou-se a movimentos leigos, apoiou casais católicos, liderou a Pastoral com Irmãos de Rua, apoiou flagelados nordestinos, artesãos, ajudou a revitalizar a Biblioteca do Bairro do Cruzeiro, em Brasília.
Nos sentimos honrados, pois ela também apoiava a Amma. No final do ano passado, ele comparecia conosco ao gabinete da Subprocuradora da República, Sandra Cureau [foto], que se comprometia a reexaminar o arquivamento de denúncias de crimes ambientais feitas pela entidade ao Ministério Público Federal, desde 2010.
Ele pediu pessoalmente à subprocuradora para que dois amigos da Madeira-Mamoré não fossem injustamente condenados à prisão, a pedido de um procurador da República por defenderem o patrimônio público, enquanto saíam ilesos agentes autores da destruição do rio Madeira e adjacências e malversadores do erário.
Levávamos àquela autoridade, nossa reiterada indignação diante da impunidade a crimes ambientais e contra o patrimônio histórico, praticados até por políticos de Rondônia. E ela soube, por Teixeira, da postura condenável de tais agentes criminosos.
Professor, tu silenciou íntegro e com dignidade. Deixou sua incansável companheira Regina e três filhos.
Aqui permanecemos, relembrando o seu entusiasmo e buscando trilhar os caminhos que nos apresentou, revelando a força da presença e a simplicidade.
O norte é aqui, amigo. O senhor cantou a nossa aldeia universalmente. Siga em paz.
Que as suas lições de vida, sobretudo o amor ao próximo, a prática da solidariedade e da ética humana, nos sirvam de guia.
(*) Presidente do Conselho de Administração da
Associação de Preservação do Patrimônio Histórico do Estado de Rondônia (Amma)
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