Quarta-feira, 4 de outubro de 2006 - 06h43
A receita para vencermos no campo profissional neste início do século XXI é composta de várias variáveis e entre elas estão: confiança em si mesmo, criatividade, planejamento, persistência. Jack Welch cita estas características para os verdadeiros líderes: energia positiva, energização, estofo e execução. A primeira tem a ver com atitude, agir, agir e agir. A segunda com a capacidade de motivar outras pessoas. A terceira tem a ver com tomar decisões. E a última é a capacidade de produzir resultados.
César Carimbó têm essas características, como qualquer outro profissional de sucesso. Isso ficou provado no seu último show "Amor ao Samba", no dia 29 de setembro de 2006, na quadra do Sesc, em que foi cobrado apenas um litro de leite, para doar a uma instituição filantrópica. Prova de responsabilidade social, outra característica de homens de sucesso.
A energia positiva fica evidente na capacidade do Carimbo de agir. Já gravou dois CD's, realizou vários shows na tentativa de romper o grande "muro de Berlim" invisível que está erguido entre a arte e a cultura e o povo de Porto Velho. Erigido por "hitlers" modernos. Só ele sabe, e alguns de seus amigos, e outros artistas, que não gozam da simpatia dos poderes, o sofrimento que é fazer arte nessa cidade.
A capacidade de motivar pessoas ficou provada, mais uma vez, nesse show de sexta-feira. Mobilizou, nada mais, nada menos, que 14 dos melhores músicos da única cidade do Brasil sem teatro oficial, para juntos, realizarem um dos melhores shows de samba que já assisti. Foram eles: Marcelo Francisco (trompete), Marcelo Lima (trombone), Catatau (bateria), Sílvia Helena (vocal), Túlio Nunes (vocal), Jair Freitas (percussão), Bola (surdo), Silvan (tam-tam), Jânio (pandeiro), Thiago (banjo), Teimar (teclados), Sandro (cavaco), Nicodemos (violão 7 cordas) e Marquinho (baixo). Além de produtores, técnicos, patrocinadores e apoiadores. Como podem perceber foi uma banda completa que fez com que a apresentação de César Carimbo se tornasse um acontecimento grandioso. Porém, ainda não conseguiu motivar somente pessoas comprometidas em investir em arte e cultura. É lamentável, ridículo, grotesco, ver um artista, depois de fazer um show como aquele, ficar justificando para os seus colegas de trabalho que o pagamento não saiu, porque alguém sem escrúpulos, sem consciência, sem responsabilidade, não cumpriu com a sua parte no projeto.
Tomar decisões, principalmente as mais difíceis, é evidente nesse incansável artista. Por exemplo: ir para São Paulo, com a "cara e a coragem", ou seja, sem dinheiro, e conseguir gravar um belo CD "Amor ao Samba", é para alguém que realmente tem estofo, isto é, coragem, determinação, firmeza. Achou pouco, e agora quer voltar ao Sul do país para divulgar o seu trabalho, mais uma decisão arrojada, porque mais uma vez, vai sem apoio.
O resultado, produto da sua capacidade de execução, é o próprio CD, "Amor ao Samba". Onde revela mais uma característica importante para os profissionais de sucesso, que é a paixão pelo que faz. E a sua paixão é o samba. O samba de raiz. "Samba é amor, amor é samba. Posso dizer que te amo, meu samba. Onde você for eu vou, prá roda de samba sambar. Só pra ver gente bamba...". Nesses versos e na forma como ele os canta, estão as provas do seu crime, que é gostar do que faz. E por isso, é condenado a passar constrangimentos, como a falta de apoio, depois de prometido. Quanto a isso meu caro amigo, a tendência é ficar pior, pois estamos passando por mais uma eleição e os candidatos simplesmente não prometeram investimentos na área cultural. E quando prometem não cumprem, imagine você quando não prometem. Mas a luta é sua e você sabe muito bem como fazer para vencer.
Faltou, portanto, platéia. Como você mesmo diz, e está escrito no CD que me presenteou, "nem tudo que é bom vem de fora". Aí aparece o tal do preconceito. Mas além do preconceito, que pesa muito na decisão das pessoas a saírem de suas casas para assistir algum evento cultural, a onda da massificação de músicas de conteúdo pejorativo, através de todos os canais de comunicação. Estamos regredindo culturalmente. É difícil competir com a Faustão, o Gugu, com Lobo e as emissoras de rádio, veiculando esse tipo de música. Além disso, ainda existe a máfia da música, onde para você quebrar essa outra barreira, necessita de um "padrinho". No programa do Faustão (não sei se ainda tem) tinha um quadro chamado "Pistolão". Agora imagine você como funciona nos bastidores. Padrinho ou jabá. A escolha é sua.
Entretanto, a tecnologia avançada possibilitou o sonho de muitos artistas na área da música, em realizar seus sonhos que é gravar um CD. Com isso aumentou a concorrência. E a competição faz com que, além das características já mencionadas, o profissional para realmente ter mais sucesso, o financeiro, deve investir em técnicas que potencializem seus dons. Bernardinho, o técnico, mais que vitorioso, das seleções de vôlei feminino e masculino do Brasil, fala o seguinte: "A vontade de se preparar deve ser muito maior que a vontade de vencer." Isso quer dizer que só fazer não é mais suficiente. Tem que ser o melhor no que faz. E em todos os aspectos. Como você não tem uma gravadora que faça a distribuição e o marketing do seu produto, você deverá suprir essa lacuna tão importante quanto fazer as músicas até a produção do CD. Além de potencializar suas capacidades natas como compor e cantar deverá também, adquirir capacidades que possibilite a administração do seu produto, tais como: divulgação, distribuição, produção de shows, aproveitar melhor os espaços de mídia, pois eles existem e estão disponíveis, mas necessita se treinar para o uso desses espaços, pois o tempo é limitado e é necessário tirar o maior proveito. Isso tudo pode ser aprendido, basta procurar quem entende do assunto e pegar umas aulinhas. Além dos relacionamentos, ou seja, conhecer pessoas que possam abrir os espaços. Tudo isso parece fácil, mas não é. Porém, não é impossível. Necessita de energia positiva, energização, estofo e execução, isso você já tem, desenvolva-as que o resultado virá, como conseqüência. Essas dicas não são de pessoas comuns, são apenas de Jack Welch, o executivo do século XX e o supercampeão, Bernardinho. Não tem como dar errado. Vá em frente. Seja tolerante. E volte aqui para que não possamos falar com você, face à agenda apertada. Obrigado, parabéns e boa sorte.
Fonte: Sérgio Ramos (www.sergioramos.com.br)
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