Terça-feira, 18 de março de 2008 - 15h52
*Romilton Marinho Vieira
Será que a Política precisa da Filosofia?
No Século IV a.C. Platão em sua obra "República" imagina como seria uma cidade perfeita (callipolis). Na sua reflexão, o ateniense representava a organização de uma bela cidade: as crianças seriam, a partir de uma certa idade, separadas da família e educadas pelo estado. Depois de uma educação igualitária, para meninos e meninas, cada cidadão seria encaminhado para uma função específica e necessária para a manutenção da cidade, segundo a aptidão de cada um.
Depois de desenvolverem suas habilidades, cada um ocuparia seu lugar na ordem e na harmonia da cidade: os agricultores, artesãos e comerciantes seriam os trabalhadores; os soldados seriam responsáveis pela proteção das cidades; os notáveis se dedicariam ao estudo da filosofia, tornando-se sábios e alcançando a idéia de bem, para governarem a cidade. Assim, para Platão, somente o sábio, aquele que conhece a idéia do bem e a justiça que dela brota, pode governar. Com essa concepção, ela apresenta um modelo de cidade a ser seguida pelos homens. Foi o primeiro sistema político que a história da filosofia registra.
Aristóteles, por sua vez atenuando as propostas idealistas de Platão abordou a política em seu aspecto normativo. Em sua obra "A Política" o filósofo explicitou qual o melhor meio para se evitar as formas corrompidas de governo. Para ele era necessário educar a juventude para fortalecer as virtudes e torná-los bons cidadãos. Assim, tanto em Platão como Aristóteles nasce o primeiro sistema político, onde destaca-se o governante filósofo e o político virtuoso.
Para Aristóteles, o objetivo da política era a felicidade das pessoas. Por isso dizer que o homem era um animal político e o político para fazer justiça, precisava ser virtuoso e virtuoso significava fazer o bem.
A política, portanto, foi concebida como uma idéia de bem, de virtude, de feliz cidade. O bom político, portanto, é o que cuida bem da cidade. É a filosofia contribuindo com a política.
Contemporâneo de Platão e Aristóteles, Sócrates faz a filosofia descer do céu, instalando nas cidades, chegando até a casa das pessoas, na praça, obrigando o ser humano a pensar no problema do bem e do mal. A verdade está no homem quando ele se volta para si mesmo e se descobre como um homem virtuoso, verdadeiro e puro. O homem é bom por natureza e o bem encontra-se dentro de si. Por isso a máxima: "conheça-te como a ti mesmo".
Mais adiante em nossa viagem filosófica surge um outro líder paradigmático que muda a contagem do tempo: o antes e o depois, chamado JESUS, filho de José e Maria. Com ele a política passa a ter um outro significado, chamado, "amor" e resume tudo em dois mandamentos: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo". É o maior líder de todos os tempos, um ídolo meu, acredito, leitor, que seu também! Este pensava no bem, nas pessoas, na paz, na saúde, fazia justiça, fazia milagres, fazia política, a política do bem, da feliz cidade.
Após o período helenístico, entramos na Idade Média, onde a filosofia ficou obscurecida por longos anos, onde o ponto principal da filosofia foi estabelecer critérios para a relação entre o espiritual e a ordem temporal, destacando neste período Santo Agostinho com sua "Cidade de Deus" e Santo Tomás de Aquino com sua "Suma Teológica".
Na Idade Média, tudo era visto pelo lago da fé, da religião. O homem estava ameaçado pelo pecado.
Contrapondo a essa teoria política, do homem subjugado ao sentimento religioso, e ainda pelas mudanças que passava a Europa nos Séculos XIV e XV, com o declínio do feudalismo, surge a Idade Moderna com o Renascimento. Um novo paradigma se aproximava, tendo a política se revestido de outra cara.
É nesse ambiente que aparecem algumas posições políticas que oferecem uma nova interpretação de poder e de estado.
Nicolau Maquiavel, em (1469-1527) criando um novo sistema político, rompendo com as amarras da Igreja católica escreve o "Príncipe", um manual de fazer política. A grande contribuição de Maquiavel foi retomar para o homem a autonomia política, transformando a política em uma arte feita por homens, livrando-o do peso da moral religiosa.
Para Maquiavel o objetivo de qualquer governo é manter-no no poder, perpetuar-se no poder, não importando os meios para alcançar tal fim. A política torna-se arte de saber governar e manter o poder.
Contemporâneo de Maquiavel, o padre e humanista Tomas More, refugiando-se no sonho escreve "UTOPIA", propondo uma sociedade mais justa e humana. A política ganha novos contornos. O dever cívico e o bem publico imperavam em detrimento dos interesses particulares.
Caro leitor em todas as teorias políticas expostas, a cidade é o "locus" de cidadania. É na cidade que o homem mora. É na cidade que o homem necessita do poder público. É na cidade que se faz política. E o político precisa ser virtuoso; e, virtuoso é ser bom e pensar no bem.
Será, portanto, que a Política precisa da Filosofia? Pense nisto!
* O Autor é Advogado da Banca "ROMILTON MARINHO & JOSÉ ALVES ADVOGADOS ASSOCIADOS"
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