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Artigo: A propaganda enganosa do Governo


 
Moreira Mendes* 

Quando queremos falar dos maléficos efeitos que a propaganda causa, em especial a que é difundida sem qualquer contato com a realidade, recorremos à triste figura do ministro alemão nazista da Propaganda Joseph Goebbels (1897-1945), que dizia: “uma mentira muitas vezes repetida termina considerada como verdade”.

Guardadas as devidas proporções, a história sempre se reveste de roupagem alternativa e se repete de forma interminável, o que, infelizmente, acontece no Brasil de hoje quando ouvimos falar das supostas providências do Governo federal para combater a crise econômica.

No início, o presidente da República tentou acalmar os ânimos assegurando que tudo não passava de uma marolinha, e que o nosso País estaria imune a maior contratempo. Por conta dessa convicção, só se pensou em alguma providência depois que a chamada marolinha assumiu proporções de um tsunami.

O Brasil, por estranhos métodos e incompreensíveis caminhos, manteve a sua taxa de juros em números estratosféricos, exibindo ainda hoje o patamar de dois dígitos. Como se sabe, todos os países de primeiro mundo - Estados Unidos e Japão, inclusive - reduziram suas taxas a valores bem próximos de zero ponto percentual. Aqui, o quadro é pior ainda: com a finalidade de favorecer abertamente as montadoras de automóveis - que ganharam rios de dinheiro na fase de aceleração econômica -, o Governo reduziu o IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados), barateando veículos na tentativa de reaquecer os negócios, mas esqueceu-se dos Estados e Municípios.

Acontece que o IPI está na base de formação do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), que é repassado em cotas para a administração das cidades. São recursos essenciais para o pagamento de salários e investimentos nos municípios. Desta forma, cobriu-se um santo e descobriu-se inteiramente o outro!

As medidas, pelo que transparece, são tomadas de supetão pelo atual Governo, sem o menor planejamento, e sempre de acordo com as conveniências do momento. Agora já se cogita até mudar o rendimento da caderneta de poupança, o que pode gerar graves prejuízos ao pequeno poupador. E lá vem propaganda sem sentido: no início do mês, o governo anunciou que pretende construir um milhão de casas populares, favorecendo pessoas de baixa renda. Mas a proposta inicial do Governo excluía totalmente os municípios com menos de cem mil habitantes, por isso apresentei, imediatamente, uma emenda corrigindo essa distorção.

Curiosamente, dias depois, o Governo do presidente Lula recuou e resolveu incluir também os pequenos municípios, o que tornou sem efeito a emenda de minha autoria. Mas, enquanto isso, milhares de pessoas estão perdendo seu preciso tempo nas filas da enganação da Caixa Econômica Federal. Sim, porque as informações a respeito do programa são poucas e bastante contraditórias, falta objetividade, clareza para com o cidadão. O que está acontecendo, na realidade, é propaganda enganosa, como se fosse uma isca lançada apenas para fisgar resultados eleitorais positivos para o projeto político petista em 2010.

A falta de dinheiro nos cofres federais – inclusive com o Governo jogando parte da responsabilidade pelo programa a Estados e Municípios – é o principal problema. Entretanto, torço para que tudo dê certo. Ficaria muito satisfeito se pudesse testemunhar a construção de pelo menos cinqüenta mil casas, mas sinceramente não acredito nisso. Tudo não passa de repetição de inverdades, cujo objetivo único é fazer de uma mentira - repetida mais de cem vezes, como dizia Goebbels – uma grande verdade. É, no entanto, uma propaganda de altíssimo risco, pois está ancorada na falta de compromisso, de responsabilidade e de seriedade do Governo para com os mais necessitados. Neste caso, como diz o ditado popular, a mentira tem pernas curtas, e por isso mesmo, aqui no Brasil, ela não irá a lugar nenhum.

*Deputado Federal e presidente regional do PPS-RO

 

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