Sábado, 13 de dezembro de 2008 - 07h42
* Ranyére Nóbrega
Terminou ontem (12) em Pozman, na Polônia, a 14ª Conferência das Partes do Convênio de Mudanças Climáticas das Nações Unidas - COP 14. Esta conferência pode ser resumida como um braço executivo de um acordo internacional. Os encontros são anuais e na ocasião cada participante faz uma revisão do estado da implementação da Convenção e discute a melhor forma de se lidar com a mudança do clima. Durante o evento se decide sobre aplicação e funcionamento das diretrizes do acordo, a implementação dos mecanismos previstos e o cumprimento das metas estabelecidas.
As reuniões ocorrem desde 1995, mas o que esta tem de especial? Esta conferência pode determinar questões ambientais para um acordo pós-Kyoto. No ano que vem a COP 15 será em Copenhague, em que se pretende firmar um acordo de longo prazo entre as nações para a redução e adaptação mundial às conseqüências do aumento dos gases de efeito estufa. Resumindo, a COP 14 é uma prévia do que está por vir.
O Protocolo de Kyoto tinha como meta a redução nas emissões de gases de efeito em 5,2% entre o período de 2008 a 2012, em relação aos níveis de 1990. Só que os dados mostram que as emissões dos países industrializados signatários do Protocolo de Quioto estão em ascensão desde o ano de 2000.
Segundo o último relatório do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Chance), esta meta de Kyoto não é suficiente para a estabilização do clima, mas sim algo entre 25% a 40% até 2020 (em relação aos índices registrados em 1990) e entre 80% a 95% até 2050. Para os economistas que participaram do IPCC, isto resultaria em aproximadamente 1% do PIB Mundial, mas caso as medidas não sejam tomadas, os desastres naturais advindos das mudanças climáticas podem resultar em uma perda de 20% do PIB Mundial, segundo o Relatório Stern (estudo encomendado pelo governo britânico sobre os efeitos na economia mundial das mudanças climáticas nos próximos 50 anos). Ou seja, o Protocolo de Kyoto começou subestimando e para piorar alguns países demoraram a ratificá-lo.
Obviamente que, em períodos de crise financeira, de recessão em grandes potências econômicas, a Conferência pode ter aplicações e diretrizes comprometidas, como está acontecendo, mas podemos dizer que o Brasil está com uma imagem muito boa.
O prêmio Nobel da Paz de 2007, Al Gore, elogiou o Plano Nacional de Mudanças Climáticas do Brasil. Aliás, não foi o único representante que fez isto; o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também elogiou o Brasil. Os dois enfatizaram que o Brasil é uma das economias mais verdes do mundo e Al Gore frisou que o Brasil e a China são grandes líderes emergentes que assumiram um papel fundamental com relação às mudanças climáticas.
É verdade que as mudanças climáticas irão trazer grandes transtornos, mas o Brasil parece estar sabendo aproveitar a oportunidade. Os objetivos específicos do Plano Nacional deixam bem claro isso: 1) Redução das taxas de desmatamento; 2) Eliminar a perda líquida da área de cobertura florestal do Brasil; 3) Manter elevada participação de energia renovável; entre outros pontos. Observe que os objetivos estão diretamente ligados a nossa região, a Amazônia.
Mas, mesmo com tantas reuniões, notícias, imagens, etc, ainda se discute (uma minoria) se realmente ocorre o aquecimento global. E para engrossar a discussão os dados têm nos revelado que o aquecimento global deu uma "freada", e que 2008 deverá ter temperaturas médias globais menores que 2007, 2005, etc. É claro que alguns começam a apresentar a situação com outros olhos e voltam a afirmar: "O aquecimento não é por causa do aumento dos gases de efeito estufa!".
Na verdade, a certeza que é por culpa do homem aumenta a cada nova pesquisa publicada nos meios científicos. E o que ocorre em 2008? É evidente que o aquecimento não é contínuo, ou seja, teremos ano que poderá ser mais quente ou mais frio que o anterior, mas se comparamos a média de um período, por exemplo, últimos 15 anos, com a média de 1930 a 1960 (outro exemplo), as temperaturas permanecem em elevação. O aquecimento global também não é homogêneo, ou seja, não ocorre ao mesmo tempo em todos os lugares do mundo. O aumento da temperatura na Amazônia pode ser diferente do aumento da temperatura do Sul no país, ou ainda mais distante, do Japão, Índonséia, Cuba, ...
O que importa agora não é saber quem está causando o aquecimento global e sim como vamos combatê-lo. E nisso o Plano Nacional de Mudanças Climáticas está deixando os outros países a ver navios.
Não adianta ficar discutindo 'quem', mas sim 'o que fazer'.
* Ranyére Nóbrega é doutor em Meteorologia pela Universidade Federal de Campina Grande (PB) e meteorologista do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) em Porto Velho (RO).
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