Sábado, 12 de agosto de 2006 - 08h37
O político brasileiro é medíocre porque os aceitamos assim. Somos medíocres. Pode haver diferença de gradação. Uns mais, outros menos, e as exceções.
Já se foram alguns anos que Lula sentenciou os 300 picaretas. Fazendo as contas direitinho, somam-se 72 sanguessugas, 19 duvidosas absolvições prévias, 19 mensaleiros, uma dançarina daqui, ou mensalinho dali, comprova-se a estimativa do presidente. Lula não é e nunca foi guru, apenas conhecia bem seu habitat. Hoje, perdeu todos os sentidos. Não ouve, não vê, não sabe, não se informa. Demitiu Palocci e Dirceu, pois fora traído por eles. Um é candidato e o outro só não o é porque está com os direitos políticos suspensos. Fala com a naturalidade como se os estivesse escolhido numa fila qualquer. Não cita há quanto tempo trabalhavam juntos. É ter vivido demais com o desconhecido! A imprensa engole como se degusta aquela cerveja!
De novo, a mídia começa a engolir algo inigolível. A justificativa descabida, sem-vergnha, do Congresso Nacional de que não daria para cassar os 72 snaguesugas, em função do recesso branco. Esta figura já é uma daquelas coisas do Brasil, sobre as quais escrevi há pouco. Nenhum repórter pergunta o que é recesso branco e qual o seu embasamento.
O parlamentar não se afasta, ele continua recebendo pelo trabalho. São os únicos trabalhadores que recebem pelo que não trabalham explicitamente. Em qualquer outro lugar do Mundo seria cristalino que não recebessem. Ninguém cobra isso! A grande imprensa nacional precisa rever seus conceitos de cobertura.
Sem obedecer ao princípio constitucional da Igualdade, a Justiça Eleitoral vem sugerindo que se deve votar e não diz, se julgar conveniente, o cidadão pode deixar de votar ou anular seu voto, arcando com a multa em função da obrigatoriedade. Agora deveria dizer o que o cidadão fazer com relação ao Congresso. O eleitor não tem como votar bem, se ele já vota na corja pré-escolhida pelos caciques, muito deles dessa laia dos sanguessugas!
Cada vez que surge um escândalo, e isso já virou clichê, o jornalismo chapa-branca corre logo para dizer que são alguns e não a Instituição. Este é o momento do Congresso provar que não são todos. Porque ou os bons punem os sanguessugas, ou todos são iguais. Uns, por se abocanhar do dinheiro indevidamente, outros, pela omissão. Não há diferença!
O brasileiro, que já se acostumou com quase tudo de ruim, não pode se acostumar com o deixa ro...tular. A Sociedade tem que exigir a cassação já. E os congressistas precisam ler a parte bíblica do viver com o suor de teu rosto. Recesso branco não existe. Há conivência social generalizada com o pagamento de salários aos farsantes, sanguessugas ou omissos, que não trabalham! Algo sobre o qual o Ministério Público precisa verificar se não se enquadra como desvio de função ou enriquecimento sem causa, no mínimo!
Fonte: Pedro Cardoso da Costa
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