Quinta-feira, 10 de novembro de 2011 - 18h20
Por Érica Montenegro e Eurico Montenegro
Quando eu o conheci, ele já tinha cabelos brancos, livros escritos e filhas criadas. Eu tinha cinco anos e, junto com meus pais e irmãos, fazia uma mudança que seria definidora para todos nós. Chegamos em Rondônia no início dos anos 80 e meus tios Alba e César nos abrigaram na casa deles, que então ficava na rua Dom Pedro II.
Sábado à tarde, eu via o programa do Chacrinha na televisão e perguntava a minha mãe: "Onde está o tio César?". Ela dizia: "Fique quieta, ele está dormindo". Não sei porquê, mas cismava que ele sumia logo depois do almoço de sábado para ir apresentar o programa da Rede Globo no Rio de Janeiro.
A gargalhada, acho que era a gargalhada. Meu tio sempre manteve uma postura séria, que vejo ser repetida instintivamente por meu pai e irmãos. Não era daqueles que contava piada ou que dançava nas festas de família. Sempre calado e observador, ele traía sua timidez pela gargalhada. A gargalhada, era como uma explosão, surpreendia pela altura, mas vinha sempre que a história do interlocutor merecia.
Meu pai me contou que, quando criança, tio César criou um circo e uma fábrica de sorvete. Feitos incríveis para um menino que cresceu no interior do Rio Grande do Norte, acompanhando o pai juiz.
Passamos vários Natais juntos e, ele sentado em uma cadeira de balanço, vendo os netos e os sobrinhos brincarem, meu tio parecia feliz.
Uma felicidade contida que, por ser silenciosa, poderia também ser confundida com serenidade. Ele era daquelas pessoas que dão a impressão de estarem sempre com o dever cumprido.
Nas festas, a única coisa que contrariava o comedimento de meu tio era o apetite. Era louco por pudim e, quando tia Alba liberava a segunda fatia, oferecia em troca um meio sorriso. Meu tio passou a maior parte da vida trabalhando. Abdicou duas vezes da aposentadoria federal.
Uma quando criaram o estado em que suas filhas e netos moravam.
Outra, quando depois da compulsória, decidiu advogar. Não faz muito tempo, lembro dele no escritório do apartamento, revisando seu dicionário de práticas processuais.
Há coisa de dois anos, no desembarque de Porto Velho para Brasília, enquanto esperava a bagagem, um senhor puxou conversa comigo que, então, carregava minha filha, minha bolsa e a bolsa dela. Bastante preocupada com qual braço usaria para pegar a mala, ouvi à pergunta: "Quem são seus pais?".
O senhor não conhecia meus pais, disse que era de Guajará-mirim, ao que eu prontamente retruquei: "Então o senhor conhece meu tio, sou sobrinha do César Montenegro".
Ele sorriu, disse que sim, e me ofereceu ajuda. É comum que a importância de um homem seja medida pelo cargo que ele ocupa. No caso de meu tio, ela pode ser avaliada por algo mais sutil e, acredito eu, até mais importante: as gentilezas que a menção ao nome dele despertam. Mais do que orgulho, sinto responsabilidade por ser da família.
Saudades da sua sobrinha e afilhada
Érica
Meu irmão
O que falar do meu irmão César Montenegro, hoje, 10 de novembro dia de sua partida, quando nasci, ele já estudava no Rio de Janeiro, só veio me conhecer, no festa do meu primeiro aniversário, quando juntamente com minha irmã Montenegrina, foram meus padrinhos de batismo .
Ele saiu do Rio Grande do Norte, muito cedo, queria estudar fora, foi morar com os tios em S.Paulo, ali se enamorou com a Alba, enteada de sua Tia Yaya, logo, foi para o Rio de Janeiro onde se formou em direito em 1949.
No ano seguinte, casou-se com a "prima", trabalhava no Instituto Brasileiro do Sal, mas inquieto ali não ficou, em 1952 arribou, com Alba e já com sua filha Maria Eugênia, para o Norte de Paraná, mais precisamente para Paranavaí, àquela época aquela região estava sendo desbravada. Ali estabeleceu família, ele com seu escritório de advogado e ela com sua escola Externato "Nísia Floresta". Ali veio a Soninha, que foi nascer na então Capital Federal.
Em Paranavaí teve sucesso, não apenas nas lides forenses, como também na área política, presidindo o PTB de Getúlio Vargas, conta-se até que chegou a ter um programa de rádio.
Ali escreveu seus primeiros livros na área jurídica, entre eles Ações Cambiais de Cobrança, Ensinando a advogar e Dicionário de Prática Processual Civil, sucesso editorial, com mais de 20 edições.
Em 1967, com 46 anos de idade, resolveu prestar concurso para Juiz de Direito dos Territórios Federais, vindo dar os costados em Rondônia, terra na qual, vivem suas filhas, seus netos, seu irmão caçula e sobrinhos.
Assumindo em tempos difíceis conseguiu dar conta do recado e ser respeitado por todos, deixando saudades quando de sua aposentadoria.
À época, havia apenas duas Comarcas em Rondônia, em Guajará Mirim e Porto Velho, judicou nas duas até se aposentar como Juiz dos Territórios. Em 1982, com a transformação do Território em Estado foi convidado pelo Governador do Estado, Jorge Teixeira e pelo Dr. Fouad Darwich a vir integrar o novo Tribunal de Justiça, renunciou sua aposentadoria federal e se entregou de corpo e alma a formação do Judiciário Rondoniense.
Organizou o primeiro concurso para a magistratura, depois auxiliou o Des. Fouad, como seu vice-presidente, foi o segundo Presidente do Tribunal, sempre defendendo seus ideais de uma justiça justa, rápida, ímproba e acessível aos mais humildes.
Foi um Juiz em tempo integral, deixando um exemplo a ser seguido, não apenas para sua família, magistrados, como para todos que o conheceram.
Sou uma das testemunhas de sua vida, como o apóstolo Paulo, combateu o bom combate, cumpriu sua missão e guardou a fé.
Adeus meu irmão e padrinho, descanse em paz, aqueles que aqui permanecem continuarão sua obra.
Eurico
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