Quarta-feira, 20 de agosto de 2008 - 18h26
Por Giceli Soupinski*
Quem leu o artigo que escrevi em abril deste ano, com o título O espaço jornalístico tem preço? deve estar estranhando a mudança da interrogação por uma segura exclamação neste artigo. Para quem não acompanhou o artigo anterior, no mesmo eu comparava o tratamento dado pela mídia ao caso Isabella Nardoni a outros acontecimentos, também trágicos, envolvendo pessoas de classe social baixa e que não receberam a mesma atenção e, consequentemente, não tiveram tamanha repercussão.
O fato é que, lamentavelmente, eu mesma encontrei a resposta para a minha indagação. De classe média baixa e concluindo com muito esforço o meu curso de Jornalismo, no último dia 29 de julho fui vítima de um acidente, por volta das 14 horas. Um outdoor com a propaganda de uma imponente empresa, localizado na Avenida Rio Madeira, em frente ao colégio Tiradentes, caiu sobre mim. Parte da estrutura me atingiu na cabeça e como sofri um impacto muito forte nos joelhos as duas rótulas foram lesionadas, além de ter alguns pertences pessoais danificados e hematomas espalhados pelo corpo, comuns nesse tipo de acidente.
O acidente só não foi mais grave porque no momento em que o outdoor veio abaixo, inexplicavelmente fui lançada contra a porta do ônibus que fazia a linha União da Vitória., que se abriu. O outdoor atingiu o veículo, quebrando uma janela e ferindo mais uma passageira, conforme registro da empresa Três Marias, responsável pela linha em questão.
Enquanto recobrava a consciência, possivelmente funcionários da empresa anunciante no outdoor observavam a cena através de uma parede de vidro sem fazer nada. Como sequer saíram do prédio para ver o que acontecera, fui embora. Às 20 horas fui levada por meus irmãos para o Hospital Prontocor, sentindo fortes dores na cabeça, náuseas e tontura. Lá fiquei internada até o dia 31. Aos poucos os sintomas passaram, no entanto, meus joelhos começaram a inchar e doer e no dia 13 de agosto recorri a um ortopedista, que diagnosticou a lesão nas rótulas. Como parte do tratamento, faço sessões de fisioterapia diariamente.
O tratamento é doloroso, mas o que doeu mais foi saber por que os veículos de comunicação que me contataram quando eu estava hospitalizada, para fazer matéria, não publicaram uma linha sequer sobre o ocorrido: um estonteante anúncio da empresa, certamente com contrato de veiculação indeterminado.
Mesmo sabendo que o material publicitário desobedecia às normas de propaganda ao ar livre, tais como estar a menos de cinco metros da rodovia, o que na legislação da maioria das cidades se enquadra em infração grave, cabendo multa de 3.535 UFIR até 11.800 UFIR por unidade, a imprensa se calou. Além de estarem fixados rentes à calçada, o conglomerado de outdoors fica situado em frente a uma escola, sendo que dois deles estão extremamente próximos da parada de ônibus.
Caros colegas da imprensa rondoniense, proprietários de veículos de comunicação, não me resta outra conclusão: a informação jornalística tem preço! Quem pagar mais, leva.
* Giceli Soupinski é acadêmica do 8º período de Comunicação Social Jornalismo da faculdade Uniron.
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