Quinta-feira, 9 de julho de 2009 - 11h35
Prof. Sílvio Melo*
O título do artigo é o homônimo do projeto que desenvolvo para a Escola Municipal Maria Lucinete Firmino Miranda, localizada na zona rural de Costa Marques, para mitigar a carência de conhecimento sobre a história da Fortaleza, em conseqüência da falta de bibliotecas com livros dos nossos escritores. Alheia às dificuldades, a população de Costa Marques se orgulha em fazer parte da história de Rondônia com o que se tem de mais valioso em termos de monumento histórico: o fantástico Real Forte Príncipe da Beira, construído no estilo arquitetônico do francês Sebastian Vauban, entre 1776 e 1783.
Obra faraônica, construída por escravos, mestres-de-obras e operários especializados vindos do Rio de Janeiro e do Grão-Pará. A rocha canga, empregada na construção, principalmente das muralhas, era retirada das imediações, o calcário vinha de Vila Maria (atual cidade de Cáceres no Mato Grosso) e do Grão-Pará. A artilharia, para defesa da Fortaleza, que era importada de Lisboa, não estava à época toda completa. Os últimos canhões só estariam ali em 1830, mas jamais seriam usados em conflitos.
A expressão Príncipe da Beira é na verdade, um título honorífico da família Bragança, representante da realeza portuguesa, presenteado ao varão primogênito da dinastia. Eles chamavam de Príncipe da Beira o primeiro filho homem a nascer no seio da realeza familiar, aquele que no futuro viria a ser Rei de Portugal e dar continuidade ao sangue azul dos Bragança. Com a assinatura do Tratado de Madri em 1750 e o acordo entre Portugal e Espanha sobre os limites dos territórios, fato associado ao esgotamento dos metais preciosos na região, a Fortaleza entrou em decadência, porém somente foi definitivamente abandonada em 1895. Após a Proclamação da República em 1889, a última guarnição do Forte não teve mais assistência, ficando sem comunicação e sem mantimentos. Seu último Comandante foi o Sargento Queiroz, conhecido por Xiboca, que sequer sabia que a monarquia no Brasil tinha chegado ao fim, sendo inclusive levado a julgamento por ter dado vivas ao Imperador Pedro II, quando da chegada deste à Vila Bela da Santíssima Trindade.
O Mestre Paulo Saldanha Sobrinho no seu livro Fatos, Histórias e Lendas do Guaporé fala um pouco desse abandono, mas não foi somente o Forte Príncipe que ficou abandonado. Bem antes - em 1820 - o Vale do Guaporé sofreu as conseqüências da decadência, desde que a sede administrativa da Capitania de Mato Grosso mudou de Vila Bela da Santíssima Trindade para Cuiabá. Houve o completo isolamento da população que lá ficou durou mais de trinta anos. No início do século XX, em 1904, o Real Forte Príncipe da Beira foi redescoberto pelo Marechal Rondon e passou a sediar o 7º Pelotão de Fronteira, cuja pedra fundamental do edifício foi lançada em 1934. O tombamento histórico é datado de 30 de novembro de 1937, mesmo tendo muitas das suas relíquias roubadas, algumas, podem ser vistas em cidades bolivianas.
Certamente, o marco maior na colonização do futuro Estado, a construção da Fortaleza ainda exibe nuances culturais a serem pesquisadas e estudadas com mais afinco pelos historiadores, sobretudo pela sua importância singular na defesa das terras espanholas conquistadas pelos portugueses, através das expedições à região amazônica. O Forte tem papel preponderante no povoamento do Vale do Guaporé, por ter atraído para inóspita região uma legião de operários, escravos, comerciantes, aventureiros, militares entre outros, cravando no itinerário histórico nomes como Luís de Albuquerque de Melo Peireira e Cáceres, Domingos Sambocetti, Ricardo Franco e do próprio Rondon.
Por fim, lamentamos que um manancial de cultura como o Forte Príncipe da Beira, não esteja gerando renda e emprego para os que em seu entorno habitam em razão da falta de planejamento e desenvolvimento turístico na região, atividade que emprega no mundo hoje, milhões de pessoas no setor de serviços. Mas fica sempre a esperança do resgate histórico e arquitetônico do que consideramos a pedra fundamental do Estado de Rondônia.
*O autor é historiador formado pela UFRN e professor da redes Estadual e Municipal em Costa Marques/RO E-mail: silviomelon@hotmail.com
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