Quinta-feira, 29 de janeiro de 2009 - 06h32
por José Monteiro (*)
O carnaval de rua de Porto Velho, especificamente o desfile das escolas de samba, já não respira com tanta dificuldade. Portanto, há algum tempo, o mesmo tem dado sinais de sobrevida com a conseqüente saída da asfixia total. Um bom e salutar indício para quem, em tempos áureos, foi cantado em verso e prosa como o melhor carnaval da região Norte. Para alguns, o quarto do Brasil; mais que isso: uma manifestação cultural, de caráter popular, que nos enchia de orgulho. Afinal, produzir tamanho espetáculo, sem tantos recursos técnicos e financeiros nesse recôndito de meu Deus, era o testemunho cabal do talento dos nossos produtores carnavalescos.
Num tempo colorido em que às tonalidades personificavam-se nas criativas fantasias, nos sambas de enredo melodicamente bem compostos e enredos inteligentes com sinopses bem desenvolvidas, não havia absolutamente nada que pudesse contrapor-se ao sucesso. A composição de todos os valores, agregados ao senso comum dos produtores, brincantes e carnavalescos, formava um mosaico de rara beleza. Os nossos corações disparavam com o rufar da bateria lá, na concentração, e com o altissonante grito de guerra do intérprete do samba preparando a torcida para o garboso desfile de sua escola preferida.
Tudo pronto. O desfile vai começar! Foi dada a partida e lá vem a diplomatas do samba e a pobres do caiari arrancando o frenético aplauso de suas fanáticas torcidas. Da concentração e permeando as arquibancadas, ambas eram protagonistas de carnavais ainda inolvidáveis. Escreveram a história dos antológicos desfiles, conquanto há que se grifar os poucos capítulos escritos pela escola de samba castanheira e seus campeonatos inquestionáveis.
A vida é cíclica e o tempo passa. Não só passa, como se encarrega de deixar marcas, certamente saudosistas ou não. Especificamente nesse caso ficamos órfãos, por um bom tempo, de belas fantasias, de carros alegóricos retocados de arte, de desfiles empolgantes, enfim, ficamos vivendo um tempo de expectativa. O sonho de remontar os carnavais de antigamente continuou indelével em todos nós que amamos a poesia e a arte das escolas de samba.
Estamos vivendo um novo momento em que um punhado de diferentes situações possibilita a retomada de um novo empreendimento. A reboque do apoio oficial, tanto nas esferas estadual e municipal, as agremiações carnavalescas se organizam mais, se representam em uma instituição maior e buscam outras fontes de patrocínio para o custeio dos seus desfiles. Enfim, começam a entender que é só por meio dessa avenida que na avenida o resultado aparece.
Há que se ressaltar a ausência de caiari e castanheira. Os ânimos estão arrefecidos por lá e os seus barracões há tempo silenciaram. Em que pese todos os empecilhos, temos que fazer um coro uníssono de reconhecimento à postura perseverante da diplomatas. A vermelho e branco continuou desfraldando, de forma tenaz, o estandarte do nosso samba, ao lado de outras agremiações que aí estão e que precisam buscar seus espaços e escrever suas histórias. Isso não lhe exime das críticas dos acanhados carnavais dos últimos anos. Talvez lhe faltasse os valores que hoje se apresentam como um novo diferencial.
Valeu a pena continuar sonhando! Mais ainda; valeu a pena acreditar que somos competentes e intrépidos, capazes de resgatar um capítulo quase ilegível da nossa história. Nos resta somente buscar outros comportamentos, rever novos conceitos e execrar o amadorismo. No mais é ir prá avenida, entregar-se ao reinado de momo,tomar um porre de felicidade e reverenciar Sua Excelência, o Samba.
(*) o autor é escritor, folclorista e Acadêmico do 7º período de jornalismo da Uniron.
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