Quarta-feira, 22 de abril de 2020 - 09h51
Imagino que muitas mulheres que
são mães como eu e também muitos homens que são pais estejam assustados com
toda essa onda de violência que tomou conta de Porto Velho quando deveríamos
estar comemorando a Páscoa. Foi muito doloroso ver a violência matando em dois
dias mais do que o corona matou desde que a pandemia chegou a nossa cidade.
Fico pensando na dor da família
do policial militar que foi assassinado e também na dor da mãe de quem
participou do assalto em que ele foi morto, porque nenhuma mãe cria o filho
para ser marginal. É uma situação muito triste. E que faz a gente parar pra se
perguntar até quando vai ser assim. A pandemia vai passar. Mas e a droga e a
violência? Vão continuar matando?
Uma coisa a pandemia está nos
ensinando. Ela nos mostra que, quando se quer acabar de verdade com um
problema, ninguém mede esforços para isso. Então por que não é do mesmo jeito
com a droga e a violência? A única resposta que eu encontro é que não existe
uma vontade verdadeira de acabar com o problema. Se houvesse, já teriam tomado
uma providência.
É um erro pensar que usa droga
quem quer. O querer de quem usa não é um querer verdadeiro. A pessoa que se
droga está alienada, não é dona do seu próprio pensamento nem da sua vontade. E
é por isso que a responsabilidade de quem não usa é ainda maior, pois temos que
decidir por nós e pelas pessoas viciadas, que perderam a capacidade de decisão
das suas vidas.
O que será que está faltando para
que nossa sociedade reaja ao problema da droga e da violência com a mesma
determinação com que decidiu lutar contra a pandemia? O que falta é a
consciência de que qualquer um de nós pode ser a próxima vítima de uma pessoa
alucinada, em busca de dinheiro a qualquer custo para sustentar seu vício.
Então ninguém pense que esse é um problema particular de quem usa droga. É um
problema público.
A pandemia do corona vai passar.
Não vamos mais correr o risco de morrer por causa do vírus. Mas vamos continuar
vendo mortes acontecerem, mães perdendo seus filhos, órfãos chorando sem ter
quem os console. Já está passando da hora de nossas autoridades tomarem uma
atitude de verdade para enfrentar essa triste realidade. Não dá mais para
aguentar.
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Formei-me em 1958 em Direito na FDUSP e desde o início da década de 60,quando cinco dos atuais Ministros ainda não tinham nascido, atuo perante a Su