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Crônica

A janela vazia


A janela vazia  - Gente de Opinião

Por mais que a vida possa ter muitas janelas haverá sempre uma, em algum momento da existência, com um vazio de vistas.

         No meu caso, quando isso ocorre, eu preencho o espaço, eu provoco vistas pelo exercício das artes literárias, mas também não me esquivo do efeito motivador de outros artistas, imbuídos das funções pragmática, naturalista e formalista da arte como um todo.

Às vezes uma pintura, um filme, uma música, um desenho, enfim qualquer manifestação artística me induz a trilhar a arte literária, é como se fôssemos coautores na busca pelo contraveneno neutralizador do efeito danoso do vazio na alma humana – esta é a função do artista na sociedade!

As vistas advindas da janela humana, pelo viés das artes, além de promover uma alfabetização estética, ensina o ser humano a equilibrar os prós e contras da existência, a harmonizar a sua vida pela organização de formas, sons, luzes, cores, imagens, enfim a arte apara as arestas do dia a dia, tanto em quem a faz quanto em quem a absorva.

No caso da literatura, a seleção e uso das palavras encantadas passa pelo processo de feitura e leitura, que é uma releitura, cumprindo o ritual escritor/leitor, vistas fundamentais que a literatura nos permite compartilhar, num mundo criativo, onde as regras podem ser quebradas, libertando o autor/leitor do cárcere do tempo e do espaço, enquanto viajam pelos excessos imaginados, sem castigo, ao tempo em que desfrutam de uma soberania sem limites, sobrepujando qualquer vazio existencial possível.

Fazer e ler poemas, romances, crônicas é de suma importância a quem quer viver a plenitude da existência, nada como preencher os vazios depressivos com a leitura ou a feitura de um bom texto, uma boa história.

 Ave palavra! E o verbo se fez literatura, bendita sois entre as matérias primas das artes!  

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