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Crônica

O nome dela é Kassandra


Fátima Ferreira Santos  - Gente de Opinião
Fátima Ferreira Santos

Seus cabelos são dourados da cor do sol poente - assim me disse.

Sua pele tem a brancura da neve. Sua postura é a elegância em forma de mulher. Com sotaque espanhol ela chegou. 

Usava um vestido amarelo da cor do ouro. E trazia nas mãos uma cigarrilha com belíssima piteira ornada com pequeninas pedras brilhantes. 

Kassandra nos encontrou, e nós a ela, numa dessas noites estreladas do outono. 

Kassandra nascera numa cidade à beira mar em terras distantes daqui. Cresceu livre como o vento chutando as ondas do oceano.

Observava os barcos e navios que flutuavam em busca da vida. 

Ela vivia à beira-mar e era tão feliz - menina. 

Um dia, desses que o destino improvisa, Kassandra viu circular pela praia um homem de belíssima estatura, olhos azuis da cor do céu e pele tão bronzeada que mais parecia um deus. 

Seus olhos de menina jovem se encantaram, seu coração abriu-se em flor. Ela não deixou mais de sorrir e de ir e vir todos os dias à beira-mar, chutar as ondas para reencontrá-lo. 

Fechava os olhos. Respirava fundo e pedia aos anjos do céu para vê-lo novamente. 

Certa vez, nessas rezas de menina moça, Kassandra viu seu apelo se tornar realidade. 

Ele estava ali ao alcance de suas mãos, tão perto dos olhos que ela paralisou. 

Ele sorriu, aquele sorriso que mais parecia o sol nascendo para a vida. 

Seus olhos falaram mais que qualquer palavra. O amor acabara de nascer. 

Foram tantas manhãs ensolaradas, tantos sonhos pensados, tanta emoção que eles tinham medo da felicidade. 

Kassandra sonhou castelos de alegria; uma família feliz ornada de pequenos seres que completariam seu amor. 

Um jardim florido e o mar como cúmplice eterno desse encontro e desse amor. Mas, o destino!!! 

Ah! Tão travesso é o destino!!! Seu deus dourado do sol haveria de partir e apesar das promessas ele jamais voltara. 

O mar o levou e por toda a sua vida Kassandra iria, e viria, tantas vezes àquela praia que mesmo depois do seu desencarne ela continuou ali olhando as ondas do mar no infinito aguardando aquele que foi o grande e maior amor da sua vida. 

Hoje Kassandra é nossa deusa dourada do sol e nos fala com ternura do amor e do mar e da alegria que é poder amar. 

Se Kassandra encontrou seu grande amor? Eu tenho para mim que sim. E hoje, eu acho, eles vivem em um castelo de luz perto das ondas do mar e têm um jardim cheinho de flores amarelas para a vida deles enfeitar. 

Sempre que ouço Kassandra eu penso nesses amores que a vida nos dá e leva  e às vezes nos traz mais uma vez. 

Entre idas e vindas vamos encontrando e reencontrando nossos seres amados. Assim é a lei natural do viver. 

Porque já vivi um amor assim é que acredito nas múltiplas existências da nossa alma. De jardim em jardim vamos florindo nosso viver.

O amor é como as flores mais lindas, com seus espinhos...

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