Quinta-feira, 29 de setembro de 2022 - 14h45
Apesar de não trazer felicidade, o dinheiro pode, sim, fazer a diferença
na durabilidade do seu relacionamento. Segundo pesquisa do SPC Brasil, assuntos
relacionados a finanças são motivos de brigas para cerca de 45% dos casais
brasileiros.
Em geral, as brigas estão relacionadas à chamada infidelidade
financeira, resultado da falta de alinhamento de objetivos, transparência e
comunicação a dois. Como consequência, o orçamento do casal é prejudicado, o
que pode resultar em planos adiados, dívidas, entre outros exemplos.
O problema não está necessariamente ligado à quantidade de dinheiro
disponível para a vida a dois, embora isso também seja importante. Na verdade,
o que a pesquisa do SPC revela é que a falta de estabilidade financeira pode
gerar conflitos que vão além do valor depositado na sua conta compartilhada,
conjunta ou individual. Além de desgastar o relacionamento, esse cenário abre
brechas para a instalação de crises conjugais e até para divórcios.
Para evitar esses problemas, é fundamental entender o que é, quais as
consequências e como evitar a infidelidade financeira na vida do casal. E o
primeiro passo para isso é compreender por que o casal precisa criar o hábito
de conversar sobre dinheiro.
A importância de
conversar sobre dinheiro
Embora o amor seja importante para sustentar o relacionamento entre duas
pessoas, manter o alinhamento e transparência em relação ao dinheiro também é
fundamental para a longevidade da vida a dois.
No entanto, o assunto ainda é tabu entre os brasileiros, prejudicando a
vida financeira de casais e a gestão do orçamento familiar.
Conversar sobre salário, investimento e despesas, por exemplo, pode ser
considerado muito íntimo ou ser visto de forma desagradável em muitos
contextos. Esse comportamento é resultado não só de uma herança cultural e
social, mas também da falta de educação financeira.
Por não entenderem o assunto, muitos brasileiros não sabem como
controlar seus gastos, nem como essa falta de organização os impede de
alcançarem seus sonhos. Além disso, muitos deles nem mesmo mantêm algum tipo de
planejamento financeiro.
Segundo a pesquisa do SPC Brasil, quase metade dos casais brasileiros
não conseguem nem mesmo fazer um planejamento de vida para os próximos cinco
anos. Além disso, apenas 17% conseguem guardar algum valor para os gastos do
mês seguinte, o que demonstra que os casais também enfrentam dificuldades para
criar uma reserva de emergência.
Nesse cenário, cria-se o ambiente perfeito para a adoção de
comportamentos considerados característicos da infidelidade financeira, uma das
principais causas do divórcio no país.
O problema da
infidelidade financeira
A infidelidade financeira ocorre quando alguém esconde ou mente sobre os
gastos, despesas e investimentos realizados com o dinheiro do casal. Esse tipo
de comportamento se manifesta principalmente com atitudes consideradas sutis,
como a omissão sobre uma compra, uma dívida ou o valor de um bem.
O problema é que esses comportamentos não são tão inofensivos quanto
parecem. As compras e despesas realizadas sem o consentimento do parceiro ou
parceira geralmente começam com valores pequenos, mas podem evoluir para gastos
cada vez maiores.
Como consequência, esse comportamento pode comprometer seriamente o
orçamento doméstico, o pagamento de dívidas e o planejamento financeiro do
casal, gerando diversos atritos no relacionamento. Esta dificuldade em
controlar finanças começa quando as pessoas ainda estão solteiras e, em muitos
casos, piora quando elas começam a se relacionar com alguém.
Além da falta de educação financeira, este comportamento também é
resultado da falta de compreensão sobre a natureza da vida a dois, que exige
muita parceria, conversa e alinhamento de todas as áreas da vida do casal,
incluindo as finanças.
Muita gente ainda confunde vida financeira equilibrada com pedir
autorização do parceiro para fazer uma compra. Porém, não se trata de pedir autorização
do outro para gastar dinheiro, mas de conversar sobre o tema, estabelecer
regras sobre gastos ou planos com o orçamento para que os dois sejam
beneficiados.
Quando isso não acontece, as pessoas podem começar a gastar dinheiro
escondido e até a fazer sua própria reserva financeira sem o conhecimento do
cônjuge, ou seja, elas cometem a chamada traição financeira. O resultado disso
é o comprometimento do orçamento familiar, dificuldade em pagar dívidas e
problemas para criar ou seguir o planejamento financeiro.
Sinais de
infidelidade financeira
A infidelidade financeira pode ocorrer de diversas formas, sendo que
todas tem grande potencial para prejudicar não só a relação amorosa, mas a
convivência familiar. Afinal, esse tipo de traição abala um requisito
fundamental para qualquer relacionamento: a confiança.
Para identificar esse comportamento, corrigir o problema e evitar que
isso se transforme numa crise conjugal, o ideal é controlar suas próprias
atitudes e observar o comportamento financeiro do parceiro ou parceira.
Para isso, é fundamental ficar atento aos sinais de infidelidade
financeira, tais como:
Como evitar a
infidelidade financeira?
O primeiro passo para evitar a infidelidade financeira é desenvolver o
hábito de conversar sobre as finanças do casal de forma transparente, sincera e
amigável.
Para que a conversa seja realmente proveitosa, é fundamental que o casal
desenvolva maturidade para tratar do tema e que se comprometa a adotar um
comportamento financeiro mais equilibrado, beneficiando não só as finanças, mas
também o bem-estar do casal.
Nesse contexto, as atitudes egoístas devem ser substituídas por ações
guiadas pelo planejamento a dois, considerando os objetivos e orçamento do
casal. Isso não significa que as pessoas devem renunciar momentos a sós e não
usar dinheiro em busca de satisfação pessoal.
No entanto, esses momentos não podem comprometer o orçamento familiar.
Por isso, o diálogo também deve ser usado para estabelecer regras e acordos
para o uso dos recursos do casal.
Definir limites para o uso da conta compartilhada ou valores máximos para compras pessoas, por exemplo, são algumas das
medidas que podem ser adotadas pelo casal.
O ideal é que essas regras estejam alinhadas com o planejamento
financeiro da família e que o casal saiba como gerenciar o orçamento de forma
equilibrada e eficiente. Por esse motivo, investir em educação financeira é tão
importante quanto conversar sobre dinheiro.
Esse investimento é essencial para desenvolver maturidade, se livrar das
crenças limitantes e parar de tratar como tabu qualquer conversa sobre assuntos
financeiros. Desta forma, será mais fácil se livrar da infidelidade financeira
e aumentar as chances de manter um relacionamento mais saudável e duradouro.
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