Quarta-feira, 16 de abril de 2025 - 14h18
No dia 04/04/2025, o
prefeito Leo Moraes encerrou o mais triste capítulo da história dos
profissionais de Arquitetura e Engenharia da Prefeitura de Porto Velho, iniciado
pela gestão anterior. Com a revogação da Lei Complementar nº
851/2021 — que extinguia cargos no município —, Moraes cumpriu um
compromisso de campanha: reverter o desprestígio imposto à categoria nos
últimos quatro anos.
O ato
simbólico ocorreu em reunião às 14h, no auditório do Prédio do
Relógio (sede do Governo Municipal), com a presença de Edson Rigoli, presidente
do CREA-RO; Ildefonso Madruga, presidente do Sindicato dos Engenheiros; Yarlley
Silva, representante da Associação dos Arquitetos e Engenheiros da Prefeitura; Gedeão
Negreiros, presidente da Câmara de Vereadores e vereadora Elis Regina além de
dezenas de profissionais que comemoraram a disposição do prefeito.
O documento agora segue para
a Câmara Municipal, onde tramitará para votação definitiva. Se aprovada, a
revogação restabelecerá os cargos dentro do prazo prometido
nos 100 primeiros dias de governo, reafirmando o valor desses
profissionais para a administração pública.
Embora
seja inegável a relevância desses profissionais como pilares
fundamentais na construção da sociedade, a gestão anterior demonstrou
— sim, é possível — uma combinação de ignorância e
má-fé quanto ao seu verdadeiro papel. Para o senso comum e até
para agentes públicos de alto escalão (inclusive do Direito), a expectativa
sobre engenheiros e arquitetos resume-se a uma palavra: PROJETOS.
No entanto a importância dos engenheiros e arquitetos vai além dos projetos,
essa é apenas uma de suas múltiplas atribuições e podemos questionar
se a manutenção deste pensamento é oriunda de ignorância ou má-fé.
Atualmente, a prefeitura conta
com cerca de 50 engenheiros (30 civis, 3 ambientais, 6 elétricos, 6
agrônomos, 5 de segurança do trabalho, 2 florestais, 2 de tráfego); 30 arquitetos,
distribuídos em setores críticos como regularização fundiária
(Semur), fiscalização (Semob), educação (Semed), saúde (Semusa), transporte
(Semtran), entre outros.
Embora sejam um número supostamente
grande de profissionais, estes números mascaram uma realidade e servem de poio
ao discurso preconceituoso contra a classe. Os números que desmontam o
preconceito estão presentes na quantidade de profissionais alocados na Semesc
(secretaria responsável pela elaboração dos projetos na gestão passada):
em 2021 éramos 6 arquitetos; 1 engenheiro civil (orçamentos e reformas); 1
engenheiro civil (projetos de prevenção a incêndio); 3 engenheiros
eletricistas.
Ou seja: dos quase 80
profissionais, apenas 11 (menos de 14%) atuavam diretamente com projetos.
O déficit crônico de pessoal para atender à demanda — cada vez
mais complexa e especializada —
torna injusto e ingênuo culpar a categoria pelo
"atraso" na entrega de projetos considerando que a raiz do
problema é o conflito da demanda versus realidade na quantidade de
profissionais disponibilizados para este setor. Desconhecer essa
realidade é ignorância; insistir nela após esclarecida, má-fé. Condenar todos
os profissionais por uma limitação estrutural é, no mínimo, desonestidade
intelectual.
Como bem destacou um colega da
prefeitura, atribuir aos engenheiros e arquitetos toda a responsabilidade
por problemas em projetos e obras é tão absurdo quanto culpar exclusivamente
os professores pelos desafios da educação; ou responsabilizar apenas
os médicos pelas deficiências do sistema de saúde; ou mesmo imputar aos
advogados todas as falhas jurídicas. Essa visão
reducionista ignora as condições estruturais e os recursos
disponíveis que limitam a atuação desses profissionais.
No artigo "A
Engenharia e Arquitetura na Administração Pública" (2021),
o procurador do Paraná e engenheiro Hamilton Bonatto denuncia
o desmantelamento sistemático dessas carreiras no setor público como "(...)
atuação dos Governos que, em regra, de forma comissiva ou omissiva, agem para
enfraquecer essas carreiras". Bonatto recorre ao economista Bresser
Pereira para reforçar sua tese:
“Há
advogados e economistas de sobra, mas faltam dramaticamente engenheiros.
Enquanto mais de 80% da alta burocracia chinesa é formada por engenheiros, no
Brasil não devem somar nem mesmo 10%.
Há quatro
setores no governo: jurídico, econômico, social e de engenharia. Ninguém tem
força para desmontar os dois primeiros; seria possível desmontar o setor
social, mas, com a transição democrática e a Constituição de 1988, ele passara
a ser prioritário. Restava o setor de engenharia – foi esse o setor que se
desmontou enquanto se privatizavam as empresas.
Querer abolir todas os
problemas da gestão acusando a categoria dos profissionais diante das
dificuldades é o mesmo expresso pelo ditado, jogar a água do banho
fora junto com o bebê. A dificuldade
deste setor é mais complexa do que apenas responsabilizar seus profissionais, é
questão de gestão da administração pública como um todo. Utilizo-me da
conclusão do professor Bonnato em seu artigo considerando que este autor expõe
de maneira clara que não se trata de atacar o profissional como solução, mas
ter uma visão sistêmica sobre o problema
Para quem
conhece de perto as licitações e contratações de obras e serviços de engenharia
essa frase é uma obviedade, porém, não temos visto sensibilidade a este fato na
reação dos governantes. Os governantes não compreendem ou não querem
compreender que a profissão de engenheiro é fundamental para o desenvolvimento,
tanto no setor privado quanto no governo, bem como, some-se a de engenheiro, a
de arquiteto.
Se realmente se almeja que as obras e os serviços de engenharia tenham resultados mais satisfatórios, deve se começar pelo fortalecimento das carreiras de engenharia e arquitetura: mais recursos humanos e materiais; melhores condições remuneratórias, fomento e oportunidades de capacitações; internalização de tecnologias para projetos e obras. Ou isso, ou fica tudo como está!
Não adianta respostas simples,
como a de extinguir os cargos da Engenharia e
da Arquitetura, para resolver o problema no campo da participação dos
profissionais no serviço público, ao contrário o que precisa é o seu
fortalecimento. Por isso saúdo a posição do atual prefeito Léo Moraes que reviu
essa injustiça a toda a sociedade.
Autor: Ms. Arquiteto e
Urbanista Lorenzo Max Gvozdanovic Villar.
Funcionário Público com
muito orgulho!
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